Uma investigadora portuguesa acaba de testar com sucesso um fármaco capaz de solucionar malformações relacionadas com o crescimento do pulmão fetal e associadas a elevadas taxas de mortalidade de recém-nascidos.
Uma investigadora portuguesa acaba de testar com sucesso um fármaco capaz de solucionar malformações relacionadas com o crescimento do pulmão fetal e associadas a elevadas taxas de mortalidade de recém-nascidos. A substância desenvolvida por Cristina Nogueira-Silva, da Escola de Ciências de Saúde (ECS) da Universidade do Minho, poderá vir a ser administrada em grávidas sem ter efeitos secundários na mãe ou na criança.
Um comunicado enviado ao Boas Notícias explica que o novo fármaco tem por objetivo assegurar o crescimento e as funções pulmonares e aumentar a taxa de sobrevivência dos bebés, sendo adequada para mulheres cujos fetos apresentem as referidas malformações.
A descoberta foi feita na sequência do facto de a especialista ter estudado, na sua tese de doutoramento, novos reguladores do desenvolvimento pulmonar, nomeadamente o sistema renina-angiotensina, classicamente envolvido na regulação da tensão arterial. Nos seus trabalhos, Cristina Nogueira-Silva prova que o fármaco em causa, denominado PD-123319 pode ser utilizado para tratar a hipoplasia pulmonar fetal, isto é, o subdesenvolvimento do órgão.
Nova esperança para os recém-nascidos
“Isso pode resolver muitos problemas ligados a doenças pulmonares congénitas. Por exemplo, no caso da hérnia diafragmática congénita (HDC) – buraco no diafragma que permite que o conteúdo abdominal chegue à cavidade torácica –, os recém-nascidos apresentam dificuldade respiratória grave após o nascimento”, esclarece a portuguesa.
Segundo Cristina Nogueira-Silva, “apesar da imensa investigação clínica e variedade de novas soluções terapêuticas, nomeadamente técnicas sofisticadas de ventilação assistida e unidades de cuidados intensivos neonatais, a taxa de mortalidade associada à HDC permanece renitentemente em valores próximos dos 50%”.
Este trabalho de investigação, reconhecido e publicado recentemente por relevantes revistas internacionais da área, como a PLos One e a Molecular Medicine, apresenta, portanto, uma nova esperança terapêutica para estes recém-nascidos e as suas famílias.
Cristina Nogueira-Silva tem 28 anos e foi a primeira médica licenciada pela ECS da UMinho a obter, através do percurso tradicional, o doutoramento em Medicina naquela Escola. Além de já ter recebido vários prémios e distinções, a investigadora é co-autora de 14 artigos publicados em revistas internacionais, três em revistas portuguesas e um capítulo de um livro, tendo também realizado mais de 80 comunicações para congressos nacionais e internacionais.
Com o seu doutoramento, esta jovem médica cumpriu também um feito “pouco habitual” no percurso académico de um médico: o de obter o grau de doutor ainda sem ter concluído a especialidade.
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