Em comunicado divulgado na semana passada, os investigadores do instituto belga confirmaram que o bloqueio de uma enzima, PHD2, é capaz de normalizar o fluxo sanguíneo, tornando a quimioterapia mais eficaz. Os cientistas demonstraram, ainda, pela primeira vez, que esta estratégia consegue reduzir os agressivos efeitos secundários da terapia nos órgãos saudáveis.
Habitualmente, a condução dos fármacos até às células cancerosas é dificultada pelos vasos sanguíneos que irrigam o tumor, uma vez que estes são naturalmente irregulares, frágeis e disfuncionais. Esta situação acaba por facilitar a disseminação das células cancerosas, abrindo caminho à formação de metástases.
A investigação liderada pelo português Rodrigo Leite de Oliveira veio demonstrar que, quando a atividade do sensor de oxigénio PHD2 é reduzida nas células endoteliais dos tumores, a rede vascular tumoral tente a estabilizar.
As veias sanguíneas apresentam uma formação mais regular, facilitando o transporte dos fármacos. Desta forma, os agentes quimioterápicos conseguem ser distribuídos de forma mais eficaz e uniforme por todo o tumor.
Os investigadores descobriram também que a inibição do PHD2 resulta na produção de enzimas antioxidantes, capazes de neutralizar os efeitos secundários da quimioterapia. Esta ação protege particularmente as funções renal e cardíaca, aquelas geralmente mais afetadas pelo uso do tratamento em questão.
O estudo é muito promissor, afirmam os investigadores, na medida em que demonstra, pela primeira vez, uma dupla estratégia de combate ao cancro através da combinação da quimioterapia com inibidores do PHD2. Uma vez que não existem, ainda, inibidores específicos para aquela molécula, desenvolvê-los é o passo seguinte da investigação.
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[Notícia sugerida por Elsa Martins e Célia Vieira]