No Luxemburgo, um engenheiro português está a desenvolver um sistema inédito, capaz de localizar todos os voos via satélite, evitando, assim, situações como aquela que aconteceu com o avião da Malaysia Airlines.
No Luxemburgo, um engenheiro português está a desenvolver um sistema inédito, capaz de localizar todos os voos via satélite, evitando, assim, situações como aquela que aconteceu com o avião da Malaysia Airlines.
Sérgio Amado emigrou com a família para o país há cerca de três anos e, hoje em dia, faz parte da SES, empresa líder mundial em telecomunicações, onde é engenheiro de software. Com uma frota de 56 satélites geoestacionários, a empresa decidiu criar um sistema que permita localizar todos os voos na atmosfera terrestre.
Para a tarefa, elegeu o profissional português, cujo trabalho, passa, agora, pelo desenvolvimento de um sistema via satélite que permita seguir os aviões durante todo o voo, incluindo aqueles que ficam fora do alcance dos radares terrestres. Além disso, pretende-se que a nova tecnologia forneça todo o tipo de informação em tempo real, sem necessidade de recorrer à caixa negra.
“É, no fundo, a capacidade de, a partir do espaço, recolher essa informação. E recolhê-la de forma a ter informação contínua sobre a localização dos aviões à escala global, coisa que neste momento ainda não é possível”, esclarece à RTP. “Há zonas desérticas e zonas ocêanicas em que não é possível fazer cobertura por radares terrestres”.
Pelo nome ADS-B, o mesmo já se encontra a ser testado, devendo estar operacional dentro de um prazo de três anos. No entanto, caso a nova tecnologia já estivesse ativa, teria sido possível localizar com precisão o voo da Malaysia Airlines, que, há um mês, desapareceu no Oceano Índico, sem deixar rasto.
“Um sistema destes consegue recolher informação abaixo dos dez minutos e reduzir a área de busca de um avião de cerca de 1.000 quilómetros para algo tão pequeno como 5 quilómetros”, diz o investigador.
O projeto conta com a parceria estratégica de dois consórcios alemães e reflete a crença dos peritos de que, tendo em conta a dificuldade em resgatar as caixas negras do fundo do mar, a solução pode estar no espaço.
“O ADS-B é um basicamente um sistema em que a informação do voo já não fica guardada na caixa negra – que, neste caso, não pode ser encontrada -, sendo antes transmitida a um satélite em órbita que, por sua vez, a enviaria, em tempo real, para estações em terra”, refere Yves Feltes, vice-presidente da SES.
“E, aqui, estamos a falar de dados sobre a velocidade do voo, direção, altitude, etc. Ou seja, no caso do avião desaparecido da Malaysia Airlines, se este estivesse equipado com o sistema ADS-B, íamos saber exatamente onde este tinha sido visto pela última vez”, conclui.
Notícia sugerida por Maria Manuela Mendes