Um investigador da Universidade do Algarve está a produzir uma curta-metragem interativa, na qual o espetador se torna protagonista da história ao poder escolher que destino dar à narrativa. Bruno Silva é o mentor deste projeto que visa reconfigurar
Um investigador da Universidade do Algarve está a produzir uma curta-metragem interativa, na qual o espetador se torna protagonista da história ao poder escolher que destino dar à narrativa. Bruno Silva é o mentor deste projeto que visa reconfigurar a experiência do público cinéfilo.
Pelo nome 'Neblina', o filme experimental vai poder ser visualizado em três fluxos de imagens, exibidos em dispositivos diferentes através de uma aplicação interativa. Cada um dos fluxos irá representar uma maneira diferente de contar a mesma história, oferecendo ao espetador a possibilidade de escolher o seu próprio percurso dentro da história e de assumir o papel de protagonista.
A aplicação estará disponível para equipamentos como tablets, smartphones, computadores e salas de cinema convencionais, visando estabelecer uma nova relação entre o público e a obra onde a distância entre géneros, realidade e ficção tende a desaparecer.
“Trata-se de tentar trabalhar a ideia de manipulação do tempo no cinema e de tornar o espetador, que normalmente não tem intervenção na narrativa, no protagonista”, refere o investigador em declarações à Lusa.
As filmagens, atualmente a decorrer, envolvem treze atores, tendo em conta as diferentes versões da mesma personagem, e estão previstas terminar em breve, com uma média de três versões para cada plano. Segue-se a fase da edição, vista como a fase mais complicada do projeto.
“Vai ser muito complexa, um quebra-cabeças gigante”, garante. “As imagens vão ter de estar todas sincronizadas e a passagem de um fluxo para o outro tem de ser suave”. As estimativas apontam para que 'Neblina' esteja pronto em Junho, apresentando-se como o primeiro filme de uma trilogia de obras interativas ligadas à ideia de tempo.
O projeto faz parte da investigação de pós-doutoramento de Bruno Silva, sendo este primeiro filme baseado no conto 'Se numa noite de Inverno um viajante', do italiano Italo Calvino, onde o leitor, também ele protagonista, começa a ler um livro por dez vezes diferentes, sem nunca o conseguir terminar.
No segundo filme da trilogia, Bruno quer ir ainda mais longe e tentar chegar “muito perto da ideia de videojogo, onde o espetador possa manipular a personagem como se estivesse mesmo a jogar”.
Na sequência da tese 'Eterno Presente – O Tempo na Contemporaneidade', que resultou na publicação do livro 'A Máquina Encravada – A Questão do Tempo nas Relações entre Cinema, Banda Desenhada e Contemporaneidade', em 2010, a obra de Bruno Silva vai, depois, ficar sediada no servidor da Escola Superior de Educação e Comunicação da Universidade do Algarve, onde o investigador leciona.
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Notícia sugerida por Elsa Fonseca