O cientista português Tiago Santos conseguiu, através da colocação de moléculas em nanopartículas, aumentar o número de novos neurónios em ratinhos com danos cerebrais. O avanço valeu ao investigador o Prémio Pulido Valente Ciência 2013.
O cientista português Tiago Santos conseguiu, através da colocação de moléculas em nanopartículas, aumentar o número de novos neurónios em ratinhos com danos cerebrais. O avanço valeu ao investigador o Prémio Pulido Valente Ciência 2013, no valor de 10 mil euros, que lhe será entregue esta terça-feira em Lisboa.
“O que há aqui de inovador é o uso das nanopartículas, que nos oferece uma vantagem muito superior à utilização dos fármacos ou de moléculas ativas não encapsuladas para a indução da neurogénese [processo de formação de novos neurónios no cérebro] que conseguimos aumentar no próprio organismo”, explicou o cientista em entrevista à Lusa.
Ou seja, acrescentou, “endogenamente, sem transplantar células”, a equipa coordenada por Tiago Santos, do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da Universidade de Coimbra (UC), cujo trabalho foi publicado na revista científica internacional ACS Nano, conseguiu “que houvesse um aumento de novos neurónios” nos ratinhos.
Através do recurso às nanopartículas, os cientistas portugueses conseguiram, com este trabalho, “uma eficência 2.500 vezes superior” à dos métodos convencionais utilizados para a administração de ácido retinóico.
Na década de 1990, os especialistas confirmaram a existência de células estaminais adultas no cérebro, com capacidade de se diferenciar nos vários tipos celulares existentes naquele órgão.
Estas células, ativadas em situação de dano cerebral, podem ser 'convertidas' em neurónios por meio do processo de diferenciação, que o ácido retinóico é capaz de desencadear. Porém, a administração desta substancia é complicada, tendo agora a equipa portuguesa conseguido facilitá-la graças às nanopartículas.
“O problema de muitos desses fatores é que são degradados muito facilmente e são de difícil administração e, para conseguir ultrapassar essas dificuldades, foram desenvolvidas nanopartículas muito, muito pequenas, que levaram ácido retinóico encapsulado [para diferenciar as células em neurónios]”, especificou Tiago Santos.
Trata-se, portanto, de “induzir a diferenciação das células estaminais residentes do cérebro em neurónios para, deste modo, conseguir reparar danos que podem ser [causados por] doenças neurodegenerativas como Alzeimher ou Parkinson ou casos em que há morte de neurónios”, explicou.
O cientista português mostrou-se satisfeito com o prémio conquistado, não apenas pelo reconhecimento mas pela ajuda que este irá dar à investigação, já que “o financiamento é cada vez mais difícil, principalmente em Portugal, e é bom premiar a ciência que se faz no país, que é muito boa”, salientou.
O Prémio Pulido Valente Ciência, criado em conjunto pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e pela Fundação Professor Francisco Pulido Valente, distingue o melhor trabalho publicado no domínio das Ciências Biomédicas que descreva a pesquisa executada por investigadores, com idade inferior a 35 anos, em laboratórios nacionais.
Notícia sugerida por Maria Pandina