O português João Mano, investigador do Grupo 3B's da Universidade do Minho, acaba de ser distinguido pelo Conselho Europeu de Investigação (ERC) com uma prestigiada bolsa científica no valor de 2,5 milhões de euros.
O português João Mano, investigador do Grupo 3B's da Universidade do Minho, acaba de ser distinguido pelo Conselho Europeu de Investigação (ERC) com uma prestigiada bolsa científica no valor de 2,5 milhões de euros.
O montante destina-se a apoiar um projeto de regeneração de ossos humanos através da formação, em laboratório, de tecidos “vivos” implantados, depois, nos pacientes com recurso a uma técnica não-invasiva.
O financiamento do Conselho Europeu de Investigação, altamente competitivo, tem como objetivo distinguir a excelência internacional de projetos científicos e cientistas de topo, constituindo-se como o maior programa de financiamento atualmente à disposição da Ciência e Inovação dos países da União Europeia.
Esta é a 10.ª bolsa avançada atribuída a Portugal nos últimos nove anos e a oitava entregue a cientistas de nacionalidade portuguesa, sendo a segunda conquistada pela Universidade do Minho e pelo Grupo 3B's depois da de Rui L. Reis, diretor do Grupo, em 2013, congratula-se a instituição de ensino em comunicado enviado ao Boas Notícias.
João Mano, de 47 anos, vice-diretor e investigador do Grupo 3B's – Biomateriais, Biodegradáveis e Biomiméticos, vai receber, por intermédio da bolsa “Advanced Grant”, um financiamento de 2,5 milhões de euros até 2020 para o projeto “ATLAS”, que quer “conseguir regenerar osso humano, fintando milhões de anos de evolução”.
Regenerar ossos e simular doenças em laboratório
De acordo com o cientista, a ideia é replicar exemplos de animais como a salamandra que, em pouco tempo, é capaz de retomar a capacidade funcional e anatómica de um membro aputado.
Esta “replicação” vai ser feita através da criação, em laboratório, de pequenos reservatórios, combinando células do paciente com biomateriais porosos, que deverão, depois, proliferar e formar um tecido “vivo”.
O tecido formado pode, posteriormente, ser implantado de forma estratégica dentro do paciente através de uma cirurgia não invasiva, favorecendo a substituição do defeito ósseo que se pretender tratar.
“Na construção destes reservatórios teremos que saber condensar as combinações ótimas de vários tipos de células, ingredientes e estruturas, para serem bem aceites pelo sistema imunológico e vascular do paciente, integrarem-se nos tecidos circundantes e poderem guiar e estimular a regeneração, de modo autorregulado e sem ajuda exterior”, explica João Mano.
O projeto contará, para a elaboração destes “pequeníssimos puzzles de tecido 'vivo'”, com um conjunto de bioengenharia, medicina, nanotecnologia, química, biologia, entre outros. Mas, de acordo com o investigador, este não é o único objetivo do ATLAS: a ideia é, igualmente, explorar o desenvolvimento de terapias avançadas.
Segundo João Mano, os reservatórios criados podem vir a servir como modelos para testar doenças, isto é, para “induzir uma doença e depois testar fármacos” sem a necessidade de ensaios clínicos ou do recurso a animais.
“Simular doenças em laboratório, testar novas terapias e poder substituir os testes tradicionais é uma grande ambição da comunidade científica mundial”, algo que, com este projeto, poderá ser possível, realça o investigador, que tem mais de 450 artigos publicados em revistas internacionais e já registou seis patentes, sendo convidado, regularmente, para conferências e projetos em vários países.
Congratulações do Ministério da Educação e Ciência
A conquista desta prestigiada bolsa valeu a João Mano o reconhecimento do Ministério da Educação e Ciência (MEC), que emitiu uma nota em que “felicita” o investigador e “saúda, acima de tudo, o esforço de consolidação que o tecido científico fez nos últimos anos, atingindo patamares de elevada qualidade nas mais diversas áreas, no contexto difícil que todos fomos obrigados a enfrentar”.
De acordo com o MEC, as bolsas atribuídas, este ano, ao investigador da Universidade do Minho e ao cientista Zachary Mainen, da Fundação Champalimaud, em Lisboa, vêm juntar-se “a mais 15 ” entregues “a investigadores a trabalhar em Portugal durante o ano de 2014, o que torna este ano o melhor de sempre em bolsas do ERC”.
“Num só ano, a ciência portuguesa conseguiu praticamente metade de todas as bolsas conquistadas durante todo o 7.º Programa Quadro (36 bolsas), reconhecimento que revela a crescente qualidade e internacionalização dos nossos cientistas e que representa um financiamento de mais de 31 milhões de euros”, salienta o Ministério.
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