O artista português Álvaro Barbosa inaugura, na próxima sexta-feira, dia 10, em Macau, uma exposição fotográfica sobre icebergues da Antártida que resulta de uma expedição realizada em 2012 com o músico Victor Gama.
O artista português Álvaro Barbosa inaugura, na próxima sexta-feira, dia 10, em Macau, uma exposição fotográfica sobre icebergues da Antártida que resulta de uma expedição realizada em 2012 com o músico Victor Gama e que dará origem a um livro.
Em declarações à Lusa, o artista explicou que a exposição “Gelo à deriva: contemplando icebergues da Antártida”, que terá lugar na Creative Macau, inclui 20 fotografias captadas na Antártida em Janeiro de 2012 durante a viagem de 10 dias feita pelos dois portugueses nascidos em Angola “com objetivos artísticos”.
“A Orquestra Sinfónica de Chicago tinha encomendado a Victor Gama uma peça sobre um teste nuclear levado a cabo pela África do Sul na Antártida nos anos 70 e, por isso, ele queria fazer uma expedição para captar imagens do local onde ocorreu esse evento. Como tínhamos começado a trabalhar juntos, ele propos-me que o acompanhasse”, contou Álvaro Barbosa.
O artista, que conheceu Victor Gama na Universidade de Stanford, nos EUA, onde o músico se encontrava a fazer uma residência artística e Álvaro Barbosa um pós-doutoramento em tecnologia musical, revelou que os dois foram à Antártida “num barco oceanográfico que realizou uma expedição com pessoas de várias áreas, como biólogos e geólogos” e que ambos eram “os únicos” com “um propósito artístico e não científico”.
A dupla captou sons e vídeo que serviram o propósito da peça “Vela 691” (nome do satélite norte-americano que detectou, em 1979, a explosão nuclear na Antártida) realizada por Victor Gama e com a participação de Barbosa na parte do vídeo, que estreou em Chicago, ainda em 2012.
O material recolhido pelos portugueses deu ainda origem a outras peças como “Journey to the Last Frontier”, apresentada por ambos ao vivo no Porto, na abertura do Festival Black&White, e por Barbosa, com a Hong Kong Music Ensemble, em Julho de 2013, naquela antiga colónia britânica.
“Na Antártida também tirámos muitas fotografias, mas fizemo-lo mais como elemento colateral, mas como estivemos em sítios que nos proporcionaram adquirir imagens fora do normal e bastante interessantes, preparei todo este material para um livro que será publicado este ano essencialmente sobre os icebergues e a Creative propôs-me também fazer uma exposição”, contou o português, que assim irá mostrar o seu trabalho em Macau.
Mostra ilustra o “ciclo de vida” dos icebergues
De acordo com Álvaro Barbosa, “há uma narrativa à volta desta ideia dos icebergues”. “Debrucei-me sobre a forma como eles surgem, como se desenvolvem e acabam por morrer, comecei a aperceber-me que ali existe um ciclo de vida, apesar de não se tratar de matéria viva, semelhante ao das espécies animais”, descreveu.
Além dos icebergues, as fotografias que serão expostas em Macau incidem também sobre aquilo a que Álvaro Barbosa dá o nome de “artacticans”, os “animais e vegetais, que são poucos, que vivem na Antártida”.
O artista português revelou que uma das coisas que mais o surpreendeu foi que “o imaginário que temos de uma região agreste, silenciosa, sem qualquer tipo de vida, não corresponde nada ao que existe na península, que é uma costa extensa, com muitos animais, nada silenciosa, antes muito ruidosa, com muitos cheios”. “Tentei, portanto, capturar um pouco essa ideia da v ida na Antártida”, concluiu.
Álvaro Barbosa, de 43 anos, nasceu em Luanda, licenciou-se em Engenharia de Telecomunicações em Portugal, fez o doutoramento em tecnologia musical em Barcelona, lançou o curso de Som e Imagem na Escola das Artes da Universidade Católica do Porto e, atualmente, é director da Faculdade de Indústrias Criativas da Universidade de São José em Macau, filiada à Universidade Católica Portuguesa.