Uma investigação que contou com a participação de um cientista português acaba de descobrir um modelo animal da doença de Alzheimer que permite estudar o desenvolvimento desta patologia degenerativa antes do aparecimento dos primeiros sintomas.
Uma investigação que contou com a participação de um cientista português acaba de descobrir um modelo animal da doença de Alzheimer que permite estudar o desenvolvimento desta patologia degenerativa antes do aparecimento dos primeiros sintomas.
O português Luís Maia e o colega Stephan Kaiser, que trabalharam juntos no estudo recentemente publicado na revista Science Translational Medicine, acreditam que a descoberta abre caminho ao desenvolvimento de tratamentos capazes de travar o Alzheimer antes de ocorrer qualquer dano importante no cérebro do paciente.
Segundo o artigo científico, cuja publicação foi dada a conhecer em comunicado, esta doença neurodegenerativa, atualmente incurável, tem uma evolução lenta e o aparecimento dos primeiros sintomas “leva mais de 10 anos (…) sendo este período pré-clínico [pré-sintomas], o modelo ideal para intervir”.
Luís Maia e Stephan Kaiser verificaram que “as alterações ocorridas no fluido cefalorraquidiano [líquido em torno da coluna vertebral e do cérebro] de dois modelos animais (ratinhos) da doença de Alzheimer eram paralelas à progressão da doença”, podendo ser utilizadas para a monitorizar “sem recurso aos sintomas”.
Intervir antes do início dos sintomas da doença
De acordo com os investigadores, a constatação de que os biomarcadores (alterações biológicas que sinalizam a doença) – o peptídeo beta amilóide (Ab) e a proteína tau – no fluido cefalorraquidiano de doentes de Alzheimer pode fornecer informações sobre a progressão da doença “foi particularmente interessante, porque abre a possibilidade de finalmente ser possível intervir durante o período pré-clínico da doença”.
O estudo efetuado no Institute for Clinical Brain Research em Tübingen, na Alemanha, e no Hospital de Santo António, no Porto, mostrou que, “à medida que se desenvolvem as placas Ab [no cérebro dos modelos animais], a concentração do peptídeo Ab no fluido cefalorraquidiano diminui e a da proteína tau aumenta”, o que “ocorre numa escala de tempo muito semelhante ao que é visto em humanos”.
Embora ainda haja um grande caminho a percorrer, a equipa acredita que os ratos transgénicos podem vir a ser utilizados “para testar novos medicamentos para a doença de Alzheimer”, recorrendo-se às “análises ao fluido cefalorraquidiano para acompanhamento da doença (ou dos potenciais efeitos dos fármacos), o que significa que os resultados podem ser transferíveis em relação aos doentes pré-clínicos”.
Em 2010, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, havia em todo o mundo mais de 36 milhões de doentes com Alzheimer, estimando-se que este número venha a duplicar até 2020. A doença, que aparece normalmente com o aumento da idade, destrói o cérebro, causando a perda da memória, da linguagem e da perceção do tempo e do espaço.
Clique AQUI para aceder ao resumo do estudo (em inglês).
Notícia sugerida por Maria da Luz
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