Uma equipa internacional de astrónomos liderada pelo cientista português Tiago Campante acaba de anunciar a descoberta de um novo sistema planetário com uma estrela semelhante ao Sol e em torno da qual orbitam, pelo menos, cinco planetas.
Uma equipa internacional de astrónomos liderada pelo cientista português Tiago Campante acaba de anunciar a descoberta de um novo sistema planetário com uma estrela semelhante ao Sol e em torno da qual orbitam, pelo menos, cinco planetas com dimensões idênticas às da Terra.
A estrela, batizada Kepler-444 e detetada por investigadores das universidades de Birmingham, no Reino Unido, e de Sidney, na Austrália, é a mais antiga alguma vez descoberta e tem mais do dobro da idade do Sol, com 11,2 mil milhões de anos, revela o estudo publicado esta quarta-feira na revista científica Astrophysical Journal.
Para determinar a idade das estrelas e dos cinco planetas que a orbitam – com tamanhos que variam entre os de Mercúrio e Vénus -, os astrónomos recorreram a uma técnica denominada “asterosismologia”, que mede oscilações, registando as ressonâncias naturais das estrelas causadas pelas ondas sonoras nela retidas.
Segundo um comunicado das duas universidades, estas oscilações levam a minúsculas alterações no seu brilho, que permitem medir o seu diâmetro, massa e idade. A partir do escurecimento que se observa quando os planetas passam em frente à estrela, é possível, também, detetar a existência destes e as suas dimensões.
“Agora sabemos que se foram formando planetas com dimensões idênticas às da Terra ao longo da maior parte da história do Universo e dos seus 13,8 mil milhões de anos, o que poderá indicar a existência de vida mais antiga na nossa galáxia”, afirma Tiago Campante, principal autor da investigação, que utilizou dados do satélite Kepler, da NASA.
De acordo com o investigador português, “na altura em que a Terra se formou, os planetas neste sistema eram já mais velhos do que o nosso planeta é atualmente”, pelo que esta descoberta “pode ajudar a assinalar o ponto de partida do que poderá chamar-se a 'era da formação planetária'”, acrescenta Campante.
A investigação estima que a Kepler-444 tenha um tamanho 25% menor que o nosso Sol e adianta que esta está localizada na Via Láctea, a 117 anos-luz da Terra. Quanto aos seus planetas, estão tão próximos da estrela que completam as suas órbitas em menos de 10 dias, o que indica que serão muito mais quentes do que Mercúrio e, consequentemente, inabitáveis.
Português já assinou mais de 50 artigos científicos
Tiago Campante, cientista português que coordenou este estudo, é, atualmente, docente e investigador da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, onde trabalha na área da asterosismologia, dedicando-se ao estudo de estrelas semelhantes ao Sol e de gigantes vermelhas.
Autor de mais de 50 artigos científicos – alguns deles publicados em revistas de renome como a “Nature” ou a “Science” -, tem também desenvolvido um interesse especial pela caraterização de estrelas exoplanetárias e contribuído ativamente para a missão Kepler, da NASA.
Até 2007, Tiago Campante estudou Física e Matemática Aplicada na Universidade do Porto, doutorando-se, depois, em Astronomia na mesma universidade portuguesa. Passou ainda pela Universidade de Aarhus, na Dinamarca, em 2012, e foi pouco depois da conclusão do “com distinção” do doutoramento que se juntou à Universidade de Birmingham.
Clique AQUI para aceder ao estudo (em inglês).
Notícia sugerida por Maria da Luz, António Resende, Maria Pandina, Maria Nova e André Luís