Martim Melo, investigador do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO) da Universidade do Porto, identificou na ilha do Príncipe uma espécie de tordo rara, distinta do tordo-de-são-tomé, que se encontra em perigo crítico de extinção.
"Conseguimos descrever uma nova espécie, mas um pouco mais e ela poderia ter desaparecido para sempre sem que tivéssemos conhecido a sua existência", comenta o investigador. "Um bom indicador é que o território desta espécie, que é a floresta pristina, ou primária, está localizada no Parque Natural de Obô, ali criado pelas autoridades do país", nota Martim Melo, em declarações ao Diário de Notícias (DN).
Segundo as estimativas do biólogo português, o Parque de Obô abriga os 180 casais que restam da espécie Turdus xanthorhynchus.O facto de se fixar apenas nas zonas mais densas da floresta e a caça são os principais motivos que ditam a raridade da ave.
Desde que o tordo-do-príncipe foi descoberto, em 1899, pelo italiano Leonardo Fea, apenas voltou a ser visto em 1928, pelo investigador português José Correia, e mais tarde em 1997. A espécie esteve indetectável durante quase sete décadas.
Contudo, Martim Melo publicou já dois estudos sobre a ave, no Journal of Zoology, colocando-a novamente no mapa da ciência, para que possa ser alargada a esperança de a salvar da extinção.