Foi concluída, recentemente, a inventariação geológica completa do território português, desenvolvida por um dos departamentos da Escola de Ciências da U.Minho.
Foi concluída, recentemente, a inventariação geológica completa do território português, desenvolvida pelo Departamento de Ciências da Terra da Escola de Ciências da Universidade do Minho. Este inventário geológico é de grande importância científica e estratégica e a sua elaboração envolveu mais de 70 cientistas de universidades e associações, sendo apoiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.
José Brilha, coordenador do projeto, explicou, em comunicado, que “havia já um levantamento feito ao nível da fauna e da flora, mas era fundamental classificar locais de valor abiótico, com interesse científico, revelando a importância de ser gerido e preservado pelas autoridades nacionais que tratam da conservação da Natureza”.
O levantamento em questão teve em conta não apenas o valor científico dos locais, mas também a vulnerabilidade deste património, uma vez que alguns dos geosítios correm riscos de destruição devido à ausência de políticas adequadas de gestão. Segundo José Brilha, “há locais que não podem ser destruídos, pois são importantes testemunhos científicos dos acontecimentos-chave que marcaram a história do planeta, nomeadamente do território português”.
A esta primeira fase deverá seguir-se uma “validação junto do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, conseguindo que este organismo passe a gerir também este património natural”. Segundo a mesma fonte, a investigação vai dar origem a um livro que pretende dar a conhecer ao grande público a riqueza geológica nacional.
Graças ao inventário, Portugal passa a ter à disposição os instrumentos necessários para implementar uma política de geoconservação, com base no conjunto de locais nos quais se incluem, por exemplo, o granito de Lavadores, em Gaia, os blocos erráticos de Valdevez, no Gerês, ou as minas da Borralha, em Montalegre.
José Brilha adiantou ainda que os investigadores pretendem também “cruzar informação com os colegas espanhóis, que realizaram em Espanha um estudo semelhante, para, em conjunto, definir um inventário à escala ibérica”. Numa fase posterior, deverá proceder-se à inventariação do sul da Europa articulada entre vários países, nomeadamente França e Itália, para num médio prazo classificar geologicamente todo o Velho Continente.
“Em Portugal tínhamos um ligeiro atraso neste campo, pelo que agora estamos em condições de comparar o nosso património geológico com o dos outros países. Aliás, para a sua área geográfica, Portugal é dos países europeus com maior geodiversidade”, concluiu o coordenador do projeto de inventariação, que localizou 326 locais com interesse geológico fundamental.