Plantas com poder inseticida e repelente poderão ajudar a extinguir o mosquito que transmite a dengue. A conclusão é de uma investigadora portuguesa da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra.
Plantas com poder inseticida e repelente poderão ajudar a extinguir o mosquito que transmite a dengue. A conclusão é de uma investigadora portuguesa da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, que reuniu informação científica sobre um conjunto de plantas com esta capacidade.
No âmbito da sua tese final de graduação em Medicamentos e Produtos à Base de Plantas, Ângela Pizarro agregou dados acerca de espécies vegetais que poderão integrar formulações de produtos de ação inseticida ou repelente do mosquito vetor que transmite o vírus da dengue.
Em declarações à Lusa, a investigadora portuguesa explicou que algumas destas plantas são “espontâneas ou cultivadas em Portugal, assim como por toda a Europa”, e que as mesmas poderiam constituir-se como mais uma alternativa num momento em que “o mosquito está a disseminar-se e a tornar-se resistente aos métodos da sua eliminação e repelência”.
Segundo Ângela Pizarro, estão em causa plantas com poder de controlo sobre as pragas que se vão mostrando aos pesticidas sintéticos – caso da dengue – e que se distinguem pelo facto de serem aromáticas e possuírem óleos essenciais.
Entre estas espécies estão, por exemplo, as Mentha, Eucalyptus e Glycirrhiza glabra (alcaçuz), que perturbam o processo normal da transmissão da doença e conseguem atuar tanto como inseticidas, eliminando o mosquito, como desempenhando funções de repelente e prevenindo as picadas.
Prevenção pode culminar com extinção do mosquito
A cientista explicou que a dengue é uma doença infeciosa, o que significa que, para existir, precisa do transmissor (o mosquito), da vítima (o homem ou o animal) e da via de transmissão (a via subcutânea). Assim, para a combater, é necessário atuar num ou nos três elementos, sendo que Ângela Pizarro acredita poder usar a sua descoberta ao nível da prevenção.
De acordo com a especialista, o objetivo deste trabalho foi explorar as ferramentas existentes para aperfeiçoar a estratégia preventiva, que vão desde a eliminação do habitat do mosquito e do próprio mosquito (com inseticidades naturais à base de plantas), à educação das pessoas e ao evitar da picada com recurso a repelentes também eles naturais, com poderosos óleos essenciais.
Ou seja, a utilização das plantas não significará uma efetiva cura, mas sim uma alternativa de prevenção que desencadeará a extinção do mosquito, dado que este só pode sobreviver e reproduzir-se caso se alimente do sangue humano e animal.
No entender de Ângela Pizarro, a indústria farmacêutica teria muito a ganhar com a aposta nesta alternativa, já que a mesma permitiria rentabilizar quer o meio ambiente, quer os gastos em saúde, além de satisfazer a procura crescente, por parte da população, pelos produtos “naturais” em vez dos sintéticos.
O trabalho da investigadora incluiu aindaum inquérito complementar à população madeirense cujo propósito foi avaliar a opinião e informação disponibilizada aos residentes, quanto à doença e às hipóteses de prevenção da mesma.
[Notícia sugerida por Elsa Martins]