Um artigo publicado, esta quarta-feira, na revista Nature, fala da possibilidade de ter existido uma segunda Lua na história da Terra. Segundo a hipótese agora avançada, esta teria colidido com a Lua que conhecemos atualmente, originando as crateras existentes na sua face oculta.
O lado “oculto” da lua, aquele que não é visto da Terra, é revestido de montanhas e crateras, que o tornam bastante diferente da face visível. São várias as teorias que tentam explicar esta dicotomia, mas ainda nenhuma está provada.
Uma das teorias mais aceites sobre a formação da Lua assume que um objeto do tamanho de Marte colidiu com a Terra no início da sua formação, tendo lançado para o espaço material que passou a orbitar o nosso planeta, dando origem à Lua como a conhecemos. A Lua é o único satélite natural do planeta Terra, ao contrário de Marte (que tem duas) ou Júpiter (com 64).
Uma nova teoria
Segundo Martin Jutzi e Erik Asphaug, autores do estudo e investigadores da Universidade de Califórnia, Estados Unidos, “o impacto produziu um disco de detritos à volta da Terra e a partir disto tivemos a Lua, mas não há razão para só se ter formado uma lua”. O segundo satélite estaria na mesma órbita da Lua e mediria cerca de 1200 quilómetros de diâmetro (um terço do tamanho da Lua).
No entanto, o pequeno satélite ter-se-ia mantido estável apenas durante algumas dezenas de milhões de anos até que a órbita “se teria tornado instável e qualquer objeto preso nela ficaria à deriva”, explicou Aspaugh. A principal conclusão deste estudo é a colisão entre as duas luas terrestres, que não formou uma super cratera por ter sido demasiado lenta. “Formou-se uma cratera de apenas um quinto do tamanho do objeto que colidiu, e que se esborrachou na cavidade formada”, explicou o investigador.
A lua que conhecemos pode ser explicada com esta teoria
Segundo os cientistas, este impacto explica muito daquilo que se conhece hoje da Lua. Por um lado, explica as crateras e montanhas que existem no seu lado oculto e o facto de a crosta deste lado ser mais espessa do que a da face visível, devido à acumulação de material da lua pequena.
Por outro lado, explica ainda por que razão as rochas da superfície do lado visível têm uma maior quantidade de elementos do manto: durante a colisão, terá havido um desarranjo do manto, que trouxe camadas de magma à superfície.
Uma hipótese ainda não confirmada
A sonda da NASA (Lunar Reconnaissance Orbiter) vai trazer novas informações sobre a estrutura interna da Lua, que poderão confirmar ou desmentir esta teoria. No entanto, o ideal seria uma análise das rochas do lado oculto da lua, para perceber se são de origem alheia.
“Com sorte, no futuro, uma missão que traga amostras ou uma missão humana irá com certeza ajudar a revelar qual é a teoria mais provável”, disse Jutsi à BBC.
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