A conferência promovida pela FAR-NET Support Unit (FSU) vai decorrer em Bruxelas na próxima quinta e sexta-feira sob o tema “Futuro Sustentável para as Áreas Piscatórias”. Três projetos portugueses do norte e sul do país foram distinguidos pela organização, para constarem da lista de boas práticas na área das pescas.
Um das ideias distinguidas é da autoria do Conselho Empresarial dos Vales do Lima e Minho (CEVAL) e prende-se com a valorização dos produtos locais. O projeto tem o nome de “Km Zero” e engloba demonstrações de cozinha, conferências e visitas a mercados municipais.
Cinco restaurantes de Esposende, Viana do Castelo, Caminha e Vila Nova de Cerveira vão também estar associados ao projeto, servindo a marca Km Zero. Ao escolher esses restaurantes o consumidor terá a garantia de que vai consumir produtos da costa loca, explica a Lusa.
O objetivo do CEVAL é aproximar “todos os intervenientes na atividade pesqueira, do pescador ao consumidor final”, explicou José Carlos Amorim, diretor da entidade.”Estamos a incentivar a economia regional e do país”, explicou o responsável, que garantiu que “os grandes beneficiários são a classe piscatória”. Além disso, pretende-se internacionalizar empresários locais e aumentar as exportações.
Criar uma denominação de origem para a lampreia
Não é preciso andar muito para descobrir outra ideia de sucesso. O CertPiscis é um projeto que pretende valorizar produtos locais como a lampreia, o salmão, o sável e o meixão (enguia), criando mecanismos que assegurem também a sua sobrevivência. A ideia partiu do AquaMuseu do Rio Minho e nasceu em Setembro. Vai envolver cerca de 600 pescadores portugueses e galegos, autoridades marítimas, restauração, intermediários e agentes turísticos.
O responsável do AquaMuseu, Carlos Antunes, explicou à Lusa a importância de valorizar estas espécies. “Quando desaparecer o último casal reprodutor, deixa de haver salmão ou sável no rio Minho, pelo que importa passar a imagem de que os recursos estão a ser explorados de forma sustentável”.
No caso da lampreia, o responsável falou na criação de uma “denominação de origem”, e no caso do sável e do salmão ressalvou a importância de assegurar a “sustentabilidade dos recursos”, pesando os contras da pesca, da perda de habitat e da construção de barragens.
Aproveitar caranguejo para produzir medicamentos
Mais perto da capital, em Leiria, encontra-se o terceiro premiado. O Grupo de Investigação em Recursos Marinhos do Instituto Politécnico de Leiria prepara-se para lançar um projeto de investigação sobre o caranguejo pilado, abundante na costa portuguesa, mas alvo de arrastões pelas redes de pesca do cerco.
O projeto pretende “criar um circuito de valorização, envolvendo os pescadores, a ciência e as empresas biomédicas e de base tecnológica”, explicou à Lusa o coordenador do estudo, Sérgio Leandro. Os caranguejos são fonte de biopolímeros, nomeadamente a quitina, uma propriedade que pode ser aplicada no tratamento de queimaduras ou em comprimidos para emagrecer. Os caranguejos podem assim ser aproveitados em vez de rejeitados e devolvidos ao mar.
[Notícia sugerida por Maria Manuela Mendes]