Este cenário constitui uma tendência incontornável à qual todos, em mais ou menos tempo, terão de se adaptar, de forma direta ou indireta. A influência da tecnologia no nosso quotidiano faz emergir novas formas de relacionamento interpessoal, de reorganização de ordem social, novos mecanismos de distribuição de conteúdos, de promoção de processos cognitivos e novos modelos de negócio. A Internet conferiu poder ao indivíduo, deu-lhe voz numa dimensão planetária.
Atualmente, são criadas condições excecionais para o ensino a distância e para a combinação deste com o ensino presencial. Se há escolas e professores que ainda não interiorizaram as vantagens que as ferramentas web podem significar na construção do conhecimento, os alunos, chamados de nativos digitais, muito dificilmente aceitarão um modelo de ensino estático, analógico e bidimensional em que a transmissão da mensagem é vertical (de cima para baixo) e quase sempre uniformizada, independentemente dos estilos de aprendizagem individuais.
As visões populares das tecnologias educacionais tendem a exagerar tanto na promessa como no risco. Os computadores e a internet não são remédios instantâneos para currículos mais ou menos obsoletos, nem tão pouco camuflagens para as tradicionais instruções didáticas. A habilidade ou inabilidade de as sociedades educacionais dominarem as tecnologias influi no seu destino, sem permitir que o excesso de bits homogeneize e massifique as diversidades culturais, mas explorando todo o seu potencial de transformação e de criação de espaços em rede, sem fronteiras. Para maximizar os benefícios da inovação tecnológica importa alterar a forma como se pensa a educação. Se um estudante tende a achar tediosa uma aula em que professor, durante horas, expõe as matérias que este mais facilmente aprenderia por si só visualizando vídeos e interagindo online, quem o poderá criticar? A extensão da aula tediosa para os ambientes online não acrescentará qualidade à formação oferecida. O dia-dia dos nossos estudantes está repleto de confrontos entre os modos de apreensão de conhecimentos pela via escolar e a aquisição de conhecimentos pela via informal. Esta é a sociedade mix (blended), que exige mudanças no sentido de fazer das escolas um lugar apetecível, recompensante e prazeroso para os estudantes. Pensar em estratégias de e-learning significa pensar mais na estratégia do que no e-learning! A criação de ambientes facilitadores da aprendizagem circula numa esfera com epicentro na complexidade da pessoa humana, destinatária de cada processo formativo, procurando estimular o relacionamento e o envolvimento de cada individuo no sistema. Consciente de que a criação de ambientes de aprendizagem online exige mudanças na cultura organizacional, urge encontrar soluções sobre o recurso tecnológico na mediação das aprendizagens formais, não-formais e informais, dentro e fora das organizações. A adequação de um projeto de e-learning às necessidades organizacionais é alicerçada em múltiplas dimensões, com níveis e configurações de intersecção variadas, no plano organizacional, estratégico, cultural, social, económico, pedagógico, tecnológico, e em tantos outros. Apraz afirmar que a adoção do e/b-learning, com múltiplas variantes e variáveis, poderá ser lenta, mas será certamente irreversível!
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