Um grupo de investigadores portugueses desenvolveu uma série de cremes inovadores que ajudam no tratamento de problemas graves de pele, como queimaduras, feridas profundas e psoríase.
Um grupo de investigadores portugueses desenvolveu uma série de cremes inovadores que ajudam no tratamento de problemas graves de pele, como queimaduras, feridas profundas e psoríase. Os cremes, que, por vezes, atuam em apenas algumas horas, já estão disponíveis no mercado e os resultados da sua utilização vão ser apresentados para a semana durante um congresso mundial que terá lugar em Guimarães.
A divulgação deste projeto português insere-se no 62.º Congresso Internacional e Encontro Anual da Sociedade de Plantas Medicinais e Investigação em Produtos Naturais (GA2014), a decorrer no campus de Azurém da Universidade do Minho (UMinho), na cidade-berço, entre 31 de Agosto e 4 de Setembro.
Em comunicado enviado ao Boas Notícias, Alberto Dias, coordenador do pólo do Centro de Investigação e de Tecnologias Agroambientais e Biológicas (CITAB9 da UMinho, explica que os cremes em causa “são dermacosméticos com funcionalidade hidratante e coadjuvantes para o tratamento de queimaduras, psoríase e feridas recalcitrantes (profundas e de difícil cura), que atuam em algumas horas ou alguns meses, consoante a gravidade dos casos”.
Além da apresentação dos efeitos destes cremes, desenvolvidos em parceria com a empresa portuguesa M&MBiotechnology Lda. e a Escola Superior de Tecnologia de Saúde do Porto, o evento vai incluir a divulgação de 800 trabalhos científicos, alguns dos quais poderão originar novos fármacos para o tratamento de doenças com as maiores taxas de mortalidade em Portugal e no mundo.
O programa do congresso inclui ainda um workshop sobre a produção de cannabis para fins medicinais e sobre as utilizações fitoterapêuticas da planta. São esperados mais de 170 cientistas, vindos de todo o mundo, que vão debater, entre outras questões, a aplicação de cannabis na medicina moderna.
“O consumo de plantas aromáticas e medicinais pode auxiliar no combate e na prevenção de várias patologias, em particular doenças cardiovasculares, cancro, diabetes, inflamações, doenças do foro neurológico e infeções fúngicas e bacterianas”, realça Alberto Dias.
Plantas medicinais já são usadas em vários fármacos comuns
Segundo o especialista, há já várias plantas medicinais e aromáticas, “desde as mais comuns, como os orégãos, os coentros, a salsa, o caril e outras não comestíveis, que são incluídas em medicamentos convencionais. Um dos exemplos mais notórios é o taxol, que é utilizado no combate ao cancro da mama”.
Alberto Dias adianta, igualmente, que duas das grandes tendências do setor são a nanotecnologia e os chamados alimentos funcionais e nutracêuticos (com atividade farmacológica). “A nanotecnologia permite direcionar o tratamento para o foco do problema, o que se revela particularmente importante quando existem compostos que são tóxicos se administrados aos pacientes pelas vias convencionais”, elucida.
Os alimentos funcionais e nutracêuticos, por seu lado, além dos nutrientes que fornecem, “atuam como preventivos de algumas doenças”, declara o investigador do CITAB, que dá como exemplo célebre o iogurte capaz de reduzir o colesterol.
Algumas espécies de plantas assumem-se também como alternativas viáveis a determinados medicamentos: uma espécie de ponto de equilíbrio entre o que a natureza oferece e a falta de recursos financeiros. “Muitas das comunicações previstas mostram as evidências científicas de plantas exóticas em países onde o acesso a medicamentos convencionais é limitado devido a condições socioeconómicas desfavoráveis”, esclarece Alberto Dias.
Para o responsável, o GA2014, organizado pelo polo do CITAB da UMinho e apoiado pela academia minhota e pela Câmara Municipal de Guimarães, tem, “além dos benefícios evidentes para a ciência e para a investigação nacional”, “impactos económicos indiscutíveis, pois foi necessário indicar alternativas de alojamento fora da cidade-berço para muitos dos mais de 900 participantes”.