Os livros e revistas escondem milhares de páginas recheadas de imagens e histórias incríveis que tendem a ser esquecidas algures nas prateleiras. Para as trazer à luz e "dar vida" às paredes, um grupo de designers portugueses desenvolveu o Boox.
Os livros e revistas escondem milhares de páginas recheadas de imagens e histórias incríveis que tendem a ser esquecidas algures nas prateleiras. Para as trazer à luz e “dar vida” às paredes, um grupo de designers portugueses desenvolveu o Boox, o primeiro expositor do mundo desenhado especificamente para exibir as páginas de livros e revistas como expressão de cada um. O produto único, que até já está em venda em Londres, está a conquistar a Europa e promete ir mais além.
Por Catarina Ferreira
Tudo começou há cerca de três anos, quando Pedro Albuquerque, diretor criativo de uma agência de design portuguesa batizada com o seu sobrenome – a Albuquerque Designers – deu início ao desenvolvimento de dois protótipos de caixa para diferentes tipos de páginas.
Destas tentativas nasceu o Boox – uma caixa transparente, feita em acrílico (mas também à venda numa versão em madeira) e disponível em vários tamanhos, que, no interior, tem diversas bolas de borracha que “comprimem” o livro ou revista nas páginas pretendidas. É com as páginas que o preenchem que ganha cor e identidade, além de proteger as publicações do pó e ajudar a conservá-las.
Pedro Albuquerque (à esquerda) com os colegas João Lacerda e Isabel Conduto
“Numa era muito digital, em que o nosso próprio trabalho é muito digital, valorizamos a tangibilidade, o papel, a emoção”, explica Pedro Albuquerque em entrevista ao Boas Notícias. “E a verdade é que as pessoas também gostam desta possibilidade de sentir. Basta pensar nas molduras digitais, que não têm feito grande sucesso, porque continua a haver aquele desejo de, por exemplo, ter as fotografias da família impressas, na nossa mão”, sublinha.
Para dar a conhecer este expositor “patenteado e único no mundo”, os responsáveis da Albuquerque investiram no aluguer de um espaço durante a Design Week, que decorreu recentemente na capital inglesa, Londres. E foi aí que começou a trilhar-se o caminho para o sucesso.
A primeira amostra do produto superou todas as expetativas: durante os quatro dias do evento, “a resposta foi fantástica e o Boox gerou grande interesse”, tendo originado contactos com mais de 20 países, retalhistas e consumidores individuais. “O feedback foi extraordinário, notámos que a ideia apelou muito à emoção das pessoas”, recorda.
O stock inicial de expositores esgotou, em particular devido à enorme procura vinda de Inglaterra e França. Atualmente, o Boox está à venda em Inglaterra, no prestigiado Design Museum London – que o diretor criativo português considera “o 'outdoor' do design do mundo” -, e parte da remessa foi para um hotel em Paris pela mão de um grupo de arquitetos de Barcelona que quis adquirir os expositores para incorporar na decoração.
“De certa forma, o produto tem-se tornado viral. Também temos contactos fortes com o designer holandês Roderick Vos, que tem várias lojas pela Holanda e que inclusive já veio a Portugal porque quer espalhar a venda do Boox pelo seu país”, desvenda Pedro Albuquerque ao Boas Notícias. Sinais de interesse chegaram ainda da Dinamarca, para satisfação da empresa, que assume que o mercado europeu é a prioridade.
Internacionalizar sem perder qualidade
“Eu defendo muito a internacionalização das empresas, a ideia de tornar uma marca global em pouco tempo, e é isso que quero fazer com o Boox”, confessa o diretor criativo. A Europa é, portanto, a principal aposta da Albuquerque neste momento, mas a agência não descarta a possibilidade de chegar à América.
“Exportar para a América e inserir o Boox no mercado americano também é uma hipótese e uma ambição. Talvez para o próximo ano possamos participar nalguma semana do design ou outro evento do género nos Estados Unidos, de forma a ganhar maior visibilidade”, antevê.
Porém, a promoção do produto tem sido contida e a explicação é simples: o desejo de preservar a qualidade. Isto porque, embora o acrílico seja importado da Alemanha, todo o processo de produção do Boox acontece em Portugal, com o objetivo, por um lado, de permitir um controlo rigoroso de qualidade e, por outro, de dar apoio à indústria portuguesa num momento de crise.
“Sempre fizemos questão que a produção fosse feita em Portugal. E como esta é uma peça muito manual e não são utilizados moldes de plástico, até porque retiram o brilho ao acrílico, temos tido mais procura do que capacidade de resposta”, admite Pedro Albuquerque, apontando que, devido ao enorme interesse que tem despertado, tem sido privilegiado um crescimento gradual, que não comprometa o cariz único do produto.
Processo de produção do Boox é “muito manual”
Mercado português não foi esquecido
Apesar da grande aposta no mercado externo, o Boox está à venda em Portugal, visto que, naturalmente, a Albuquerque Designers não esquece o público português.
“É possível que a venda online no nosso site comece para a próxima semana”, estima Pedro Albuquerque, adiantando que o lançamento da loja virtual deverá ser acompanhado de uma apresentação oficial no nosso país.
No entanto, o produto, que em breve deverá decorar um hotel em Cascais e que tem sido procurado por vários clientes portugueses que pretendem reservá-lo para oferecer no Natal, está já disponível para venda na Número 1 Brand Gallery de Ricardo Mealha, em Santos. A versão mais pequena (S) do Boox custa 50€, a de dimensão média custa 90€ e a maior 170€.
O segredo do sucesso deste expositor está, no entender do diretor criativo, nas suas múltiplas utilidades. Pode ser usado em exposições, casas particulares, espaços laborais, hotéis ou museus e, além de livros e revistas, os clientes podem também expor, por exemplo, fotografias ou postais. “A única coisa que é necessária é que haja paredes e imagens bonitas”, conclui.
Clique AQUI para aceder ao site oficial do Boox.