Mais do que o próprio aniversário, o dia de São José, é motivo de festa para o escritor de língua portuguesa mais lido em todo o mundo. Todos os anos as celebrações acontecem num sítio diferente, onde Paulo Coelho e os amigos se juntam.
Mais do que o próprio aniversário, 19 de Março, o dia de São José, é motivo de festa para o escritor de língua portuguesa mais lido em todo o mundo. Todos os anos as celebrações acontecem num sítio diferente, onde Paulo Coelho e os amigos se juntam para agradecer ao santo que ajudou a mãe do escritor, no momento difícil do seu nascimento. Este ano, a festa foi em Portugal.
por Margarida Cruz
“Quando nasci, nasci morto”, conta o ícone brasileiro, que este ano escolheu Portugal para as festividades. “Tinha o cordão umbilical à volta do pescoço. A minha mãe, inconsolada, decidiu fazer uma promessa a São José e pediu-lhe ajuda para eu sobreviver”.
A história é lembrada em conferência de imprensa na Fortaleza do Guincho, em Cascais, onde o autor passou a sua estadia, durante a semana passada, em Portugal, e convidou os jornalistas para uma breve conversa.
“Comecei com isto em 1987, que foi quando dei a primeira festa, e deste então que a faço viajar pelo mundo. Porquê? Porque, como podem ver, sobrevivi. E desde que fiz o Caminho de Santiago que decidi que havia de cumprir a promessa da minha mãe todos os anos e agradecer a São José o facto de estar aqui”, explica.
Por isso, todos os anos faz-se acompanhar daqueles que o têm apoiado desde sempre: os amigos. “A amizade é a base do ser humano e eu fiz questão de a manter. Às vezes a fama afasta-nos dos amigos, mas a verdade é que são eles que nos sustentam”, garante. Para 2014, a escolha para esta celebração de vida e de amizade passou pelo Guincho, em Portugal, pelo qual o autor ficou apaixonado em 2011.
'Adultério': Novo livro é lançado em Maio
Ainda que em visita privada, Paulo Coelho aproveitou a oportunidade para revelar novos detalhes sobre o seu próximo livro, a ser lançado em Portugal já no próximo dia 2 de Maio. Pelo título 'Adultério', o mesmo visa abordar aquele que o escritor encontrou como sendo o “problema central da sociedade atual”.
“Tudo começou com um 'post', onde eu perguntava aos meus seguidores qual era, para eles, o maior problema a afetar a sociedade hoje em dia. Pensava que fosse a depressão. Mas como já é uma doença que pode ser tratada, esta já começa a deixar de ser vista como tal, por isso queria perceber onde estava, afinal, agora, a principal preocupação das pessoas”, conta o autor.
A resposta acabou por lhe chegar às mãos através da análise dos milhares de comentários deixados pelos utilizadores das redes sociais onde o escritor brasileiro está presente. Para confirmar aquilo que lhe estava a ser dito, Paulo Coelho optou mesmo por entrar anonimamente em fóruns dedicados, fazendo-se passar tanto por homem como por mulher.
Aquilo a que assistiu foram “histórias muito comoventes”, de relações que “em determinado momento, passam para situações de crise”. O cenário pareceu-lhe promissor, acabando por servir de base ao próximo livro que viria a escrever.
A ação passa-se em Genebra, na Suíça, onde o escritor vive atualmente, e conta a “história de uma mulher que vive enteada ao fim de dez anos de casamento, apesar de ter tudo para ser feliz: um homem que a ama, filhos adoráveis e um trabalho de que gosta”, revela. “Mas a verdade é que ela, todas as manhãs, acorda infeliz, com a sensação de que está a faltar qualquer coisa: aventura”.
Aquilo que acompanhamos no livro é, então, todo o “processo de adultério que ela acaba por cometer”. O autor frisa que não pretende transmitir nenhum tipo de mensagem, querendo apenas ser mote de discussão sobre como é que a traição é encarada e pelas pessoas na atualidade.
“Generosidade do povo português”
Para além de um novo livro, espera-se que, até ao fim do ano, chegue também a Portugal o filme 'Não Pare na Pista', de Daniel Augusto, baseado na vida de Paulo Coelho, antes de este ser mundialmente conhecido. O mesmo retrata a adolescência conturbada vivida pelo autor, incluindo os internamentos em casas de saúde, o delírio pelo movimento hippie dos anos 60 e 70, a tortura sofrida às mãos da ditadura brasileira, entre outras vertentes da vida do escritor.
Com 160 milhões de livros vendidos em todo o mundo, 3 milhões dos quais em Portugal, Paulo Coelho optou por deixar de dar autógrafos e promover os seus livros. É acompanhado por perto por duas grandes comunidades online: 9 milhões de seguidores no Twitter e 19 milhões no Facebook.
Agora na visita ao Guincho, em Cascais, assegura que está em território luso para “agradecer a generosidade do povo português” e que os mais de cem amigos que trouxe consigo estão “fascinados com a comida e hospitalidade que se encontra em Portugal”.
Por tudo isso, despede-se do Boas Notícias e restante comunicação social com uns entusiasmados “parabéns pelo vosso país”, retirando-se para se preparar para a grande noite de festa onde, depois da oração coletiva, a fadista Mariza cantou e encantou os convidados do prestigiado autor.
Comentários
comentários