A Comissão Europeia aprovou, esta quarta-feira, a inclusão de um dos doces conventuais portugueses mais emblemáticos, o Pastel de Tentúgal, na lista das indicações geográficas protegidas (IGP).
A Comissão Europeia aprovou, esta quarta-feira, a inclusão de um dos doces conventuais portugueses mais emblemáticos, o Pastel de Tentúgal, na lista das indicações geográficas protegidas (IGP). A produção deste ícone da doçaria nacional passa, assim, a ficar exclusivamente circunscrita à vila de Tentúgal, entre as localidades de Lamarosa, Portela e Póvoa de Santa Catarina.
A certificação foi publicada no jornal oficial da União Europeia, onde a Comissão destacou os “valores históricos” associados àquele doce, em particular o facto de “desde o século XVI a produção do pastel sempre ter decorrido em Tentúgal”, remontando a sua origem ao Convento das Freiras Carmelitas daquela localidade de Montemor-o-Velho.
Além disso, o organismo europeu, que já registou cerca de 120 produtos portugueses na lista protegida pela legislação, salientou ainda a importância de fatores climáticos como a temperatura amena e a humidade relativa elevada para a produção do pastel originário da zona do Baixo Mondego.
O Pastel de Tentúgal distingue-se por possuir uma massa obtida a partir da junção de farinha com água (com uma espessura que varia entre os 0,06 e os 0,15 milímetros) e um recheio cremoso resultante da mistura de gema de ovo e calda de açúcar.
De acordo com informações fornecidas à Lusa por Olga Cavaleiro, responsável da Associação de Pasteleiros de Tentúgal (APT), o processo de certificação do Pastel de Tentúgal teve início há seis anos e “não foi nada fácil”.
Depois de concluída a componente nacional, junto do ministério da Agricultura, a APT levou o pedido de reconhecimento de Indicação Geográfica Protegida – que designa os produtos que estão ligados de uma forma estreita a uma zona geográfica na qual decorre pelo menos uma das fases de produção, transformação ou elaboração – à Comissão Europeia em Janeiro do ano passado.
Segundo Olga Cavaleiro, “o Pastel de Tentúgal é diferente, singular e distintivo”, tendo sido a “uniformização da qualidade” daquele doce conventual, produzido por uma dezena de produtores (seis dos quais deram origem a este processo no sentido da sua “proteção”) um dos elementos que contribuiu para a garantia da certificação.
Para Luís Leal, presidente da autarquia de Montemor-o-Velho, a certificação da Comissão Europeia é motivo de “satisfação e orgulho”. “[O pastel] é um património da doçaria que a vila de Tentúgal produz e o melhor doce do mundo”, considerou, realçando o “esforço” da Câmara Municipal, da associação de pasteleiros e da confraria da doçaria conventual.
A nível europeu, cerca de 1.200 produtos são protegidos pela legislação no âmbito das indicações geográficas protegidas, denominação de origem (DOP) ou especialidades tradicionais (ETG).