Os sintomas clássicos da doença de Parkinson incluem, além de tremores e lentidão de movimentos, problemas com a memória, particularmente a memória operacional, também chamada de memória do trabalho. Esta memória operacional é caracterizada pelo armazenamento temporário de determinadas informações para a realização de tarefas específicas sendo, portanto, essencial para a rotina diária.
As recentes descobertas dos investigadores norte-americanos vêm demonstrar uma relação entre o tempo e qualidade do sono e o progresso deste tipo de memória. Embora já outras investigações tivessem concluído que dormir era benéfico para a memória, este estudo em particular desvenda quais os aspetos do sono diretamente ligados à memória operacional.
Durante o período de testes, os 64 participantes, doentes de Parkinson ou com fortes sinais de demência, foram submetidos a vários testes de memória. Ao longo de 48 horas, foram realizados oito testes: quatro no primeiro dia, e quatro no segundo, após uma noite de sono.
Depois das experiências, os investigadores concluíram que o tempo de sono profundo (slow wave sleep, SWS) tem um grande impacto na plasticidade sináptica, mecanismo através do qual as células cerebrais se reorganizam, dando origem a novas conexões.
Os testes demonstraram, ainda, que pacientes com perturbações do sono, nomeadamente a apneia, não revelaram qualquer melhoria a nível de memória, ao contrário dos outros doentes.
A equipa constatou, igualmente, que este progresso da memória operacional ocorreu, apenas, nos doentes de Parkinson, não tendo sido registada qualquer alteração nos participantes com sinais de demência. Os pacientes da doença degenerativa que acusaram melhores resultados foram aqueles que aliaram os fármacos destinados à dopamina, um neurotransmissor, às horas de sono profundo.
Perante os resultados, os investigadores pensam, agora, alargar o estudo a pessoas idosas saudáveis e com outras doenças neurodegenerativas que não a Parkinson, com o objetivo de melhorar a qualidade a sua qualidade de vida. A investigação contou com o apoio do National Institute of Neurological Disorders and Stroke e do National Institute of Aging.
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