50 alunos de uma escola religiosa islâmica (madraça) em Karachi, sul do Paquistão, foram libertados esta terça-feira pela polícia, depois de terem sido encontrados acorrentados numa cave. Vários estudantes, incluindo um rapaz de oito anos, relataram à agência noticiosa francesa AFP que eram regularmente espancados.
Durante a operação policial, foram encontradas correntes, ganchos e “celas de tortura”, segundo o presidente da federação de madraças do Paquistão. Os 53 alunos libertados tinham entre sete e 20 anos, de acordo com informação avançada pela Lusa, que refere fontes policiais.
Os dois “mullahs” (líderes espirituais) da escola islâmica foram detidos, mas o responsável pela instituição, localizada num bairro na zona norte de Karachi, fugiu, acrescentaram as mesmas fontes.
As madraças, muitas vezes as únicas escolas acessíveis para as famílias mais pobres no Paquistão, são frequentemente encaradas com controvérsia e acusadas de formarem futuros membros de grupos armados radicais talibã ou filiados à Al-Qaida no território paquistanês e no Afeganistão.
Mais de dois milhões de paquistaneses estudam em cerca de 15 mil madraças em todo o país, representando cinco por cento dos 34 milhões de crianças escolarizadas, de acordo com as estatísticas oficiais.
Segundo um responsável da polícia, Mukhtiar Khaskheli, os alunos que estavam acorrentados “eram toxicodependentes” que a madraça queria instruir e transformar em “muçulmanos melhores”.
A escola estava localizada numa zona isolada da cidade e ninguém consegue confirmar a veracidades destas informações.
A polícia divulgou que abriu um inquérito sobre o caso e que contactou as famílias dos estudantes de forma a serem reencaminhados para as respetivas casas.