A música é capaz de atenuar a percepção da dor física nas crianças em ambiente hospitalar. A conclusão é de um novo estudo que vem provar que esta pode ser uma forma barata e fácil de tornar os procedimentos médicos menos penosos.
A música é capaz de atenuar a percepção da dor física nas crianças em ambiente hospitalar. A conclusão é de um novo estudo desenvolvido pela Universidade de Alberta, no Canadá, que vem provar que esta pode ser uma forma “barata e fácil” de tornar os procedimentos médicos menos penosos para os mais novos.
Entre 2009 e 2010, Lisa Hartling, investigadora daquela instituição universitária, e os seus colegas do Departamento de Pediatria, levaram a cabo um ensaio clínico envolvendo 42 crianças com idades entre os 3 e os 11 anos que se deslocaram às urgências do Stollery Children's Hospital e precisaram de administração intravenosa de medicamentos.
Algumas destas crianças ouviram música durante o procedimento e outras não, tendo os especialistas medido o nível de stress dos jovens pacientes, bem como os níveis de perceção da dor e o ritmo cardíaco e ainda a satisfação dos pais e dos prestadores de cuidados.
“Encontrámos uma diferença na dor descrita pelas crianças – aquelas que ouviram música durante o procedimento, relataram ter sentido menos dor imediatamente depois”, explica Hartling em comunicado, considerando que “a descoberta é clinicamente importante e é algo simples que pode fazer uma grande diferença”.
Uma opção “fácil e sem custos” de aliviar a dor
“Pôr música a tocar para as crianças durante procedimentos médicos dolorosos poderá ser uma opção fácil e sem custos para utilização em contexto clínico”, defende a investigadora, que acrescenta que as crianças que ouviram música demonstraram também menos sinais de stress e ansiedade e que os seus pais revelaram maior satisfação quanto aos cuidados prestados.
Além disso, a música parece, também, facilitar o trabalho dos profissionais de saúde: 76% daqueles que efetuaram o procedimento ao som de música afirmaram que foi muito fácil fazê-lo, uma percentagem muito superior à dos que fizeram a mesma afirmação no grupo sem música (38%), relata o estudo publicado na revista científica JAMA Pediatrics.
Agora, Hartling e os colegas pretendem continuar as investigações nesta área, de forma a apurar se a música ou outro tipo de distrações podem ter ou não um grande impacto na tolerância das crianças à dor durante procedimentos complicados, já que a dor e o stress sentidos neste tipo de contexto podem ter “efeitos negativos a longo-prazo” na vida dos mais novos.
“As evidências científicas de que o cérebro responde a diferentes tipos de música de formas diferentes continuam a crescer”, salienta a especialista. “Portanto, estudos adicionais para perceber como e por que razão a música pode ser uma boa distração da dor podem ajudar a fazer avançar esta área”, conclui.
De realçar que estudos anteriores tinham já demonstrado que o tipo de música, o facto de ter ou não letra e de ser ou não familiar para o ouvinte pode, também, ter um impacto na perceção da dor física.
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