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Os “Poderes Invisíveis” da Inovação Protegida

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por Cristina Costa

Fui ler o artigo de novo, apesar de ser de 1997!Não sei bem porquê mas guardei durante muitos anos uma revista cujo tema de capa era “50 Produtos Inovadores Ainda Não Difundidos em Portugal”!

20 Anos depois, todos aqueles produtos TINHAM que estar no mercado! Ou a internet e a globalização tinham destruídos estes negócios tão inovadores e com tanto potencial na altura?

Efetivamente a grande maioria tinha conquistado os consumidores e o sucesso no mercado, tais como a bebida energética de guaraná, ovos enriquecidos, bebidas antirrugas, águas aromatizadas, iogurtes com sabor a mel, máquina de fazer pão, manteiga em spray, cadeira para massagens, trotineta com motor, cadeira de rodas para a praia, café com leite pronto a beber, máquina automática de venda de fast-food, fralda anti odor, fatos de banho que permitem bronzear e muitos outros. Na verdade quase todos vingaram no mercado!

Porém nos dias de hoje, em que inovação é palavra indispensável no mundo global, sabemos que uma enorme percentagem de produtos e negócios inovadores tombam no vale da morte, apesar de satisfazerem necessidades do mercado e de parecerem ser boas ideias.

Vivemos num mundo em que o consumidor anseia por novos produtos, pesquisa websites nacionais e estrangeiros tentando comprar inovação online e entra em lojas físicas à procura da secção de novidades!

Estudos recentes mostram que os consumidores:

  1. Compram menos mas querem mais inovação
  2. Não se importam de pagar mais por produtos mais inovadores
  3. Portugal está acima da média europeia no que toca à experimentação de novos produtos

Então o que está a faltar? Por que motivo a nossa Indústria não é mais inovadora? Por que motivo tantos produtos inovadores, que na verdade já existem, não chegam ao mercado? Por que motivo tantos projetos incubados nas diversas Startups espalhadas pelo país não têm sucesso?

Um dos critérios que mede o grau de inovação de um país analisa o número de novas patentes em cada ano. Portugal, ao longo dos últimos anos, tem estado na cauda da UE no que respeita a novas patentes. Porém, além de poucas, temos verificado ao longo dos anos que muitas das patentes vêm de Universidades e não de empresas, algo que não acontece em nenhum país realmente desenvolvido.

A tendência de inovação de muitas empresas divide-se entre comprar pacotes tecnológicos prontos cuja originalidade é duvidosa, ou lançar no mercado inovações de fácil imitação, o que deixa o caminho aberto a situações de concorrência desleal.

Quando se fazem estudos e estatísticas junto das empresas sobre os motivos que levam a não proteger a inovação através de patente, muitas respostas são “desconhecimento de como fazer” mas outras respondem “é caro”. Na verdade são poucas as Indústrias onde existe um departamento de I&D.

Criou-se em Portugal o mito que Patentes são caras e muitas empresas preferem correr o risco de ver a sua inovação copiada. Porém quando se mostra um “Planeamento Estratégico de Proteção da Inovação”, um mapa cronológico de investimento, quando se revelam os custos reais e os benefícios, que podem passar até pelo monopólio, os empresários mudam a forma de pensar.

Se voltarmos a olhar para os “50 produtos Inovadores Ainda Não Difundidos em Portugal” que eram novidade em 1997 e hoje são produtos de elevada rentabilidade, alguns com melhoramentos incorporados, quais os elementos comuns entre todos eles, apesar de serem tão diferentes entre si?

Uma das repostas passa pela consistência, ou seja, falamos de produtos que vingaram no mercado porque existia uma necessidade, ou de alguma forma o produto criou essa necessidade, tendo o fator “inovação” sido um forte impulsionador ao sucesso.

Porém, há um “poder invisível” e de enorme importância, comum a todos os produtos que obtêm sucesso no mercado: a inovação está, de algum modo, protegida através dos direitos de Propriedade Industrial!

Os direitos de Propriedade Industrial são diversos mas é comum que as empresas se concentrem mais em três deles: Marcas, Patentes e Design.

Juntos ou isolados estes direitos são transversais e aplicáveis a qualquer área de negócio.

O principal problema? Muitas empresas têm dificuldade em inovar mas muitas das que inovam, têm dificuldade em criar um “Planeamento Estratégico de Proteção da Inovação”, indispensável até para captar investidores, para o qual não existe uma fórmula ou um método fixo, mas sim um plano criado caso a caso para que, de forma global, a empresa funcione afinada como um todo: Inovação, Produção, Direitos de Propriedade Industrial e Marketing.

A Inovação protegida tem maior probabilidade de gerar retorno financeiro e apresenta-se no mercado de modo mais robusto. O ciclo da Inovação mostra exatamente como chegar a esse retorno, existindo dois caminhos possíveis:

  • Comercialização da Inovação: o criador da inovação comercializa (ciclo verde)
  • Venda ou licenciamento da Inovação: transferência de tecnologia ou cedência de direitos (ciclo verde + variante a cinzento)

Cada ciclo completo permite gerar meios para financiar mais produção e conhecimento, criando uma lógica continuada de sucesso, concretização de objetivos e rentabilidade.

 

Um dos pontos cruciais prende-se com o pouco conhecido “diagnóstico de novidade” de modo a identificar se a inovação é mesmo novidade.

A questão da proteção é um elemento crítico de sucesso na medida em que a inovação deve ser protegida através do adequado direito de Propriedade Industrial, podendo até ser recomendável mais do que um tipo de direito para uma única inovação.

Para um eficiente “Planeamento Estratégico de Proteção da Inovação” deve-se ter em conta onde a Inovação se enquadra, no esquema seguinte.

 

(Clique na imagem para aumentar)

Imaginemos uma inovação que consiste num novo pequeno eletrodoméstico. A invenção poderá ser protegida por Patente mas o Design exterior também deve ser protegido, de modo a proteger a exclusividade da aparência e dos contornos. Porém quando o aparelho for para o mercado, será mais competitivo se tiver uma Marca que o diferencie e que transmita qualidade e confiança aos consumidores. Assim, uma única inovação ficaria com uma proteção mais robusta com o depósito de Patente, de Design e o registo de uma Marca.

Porém há outros direitos de Propriedade Industrial que são muito importantes em determinadas áreas de negócio e podem ser fundamentais à defesa da exclusividade.

A inovação é, e sempre foi, a melhor forma de fazer um negócio progredir e torná-lo mais rentável. A devida proteção legal permite atribuir mérito e justo benefício a quem cria a inovação, aumentando a competitividade e robustez do negócio, assumindo-se assim a Propriedade Industrial como um “poder invisível”, um investimento e um forte potenciador de riqueza!

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