“Os poemas cantados por Camões foram uma epopeia dos portugueses e, entre os portugueses, havia gente que possivelmente falava mirandês”, explica o investigador à agência Lusa, justificando o seu envolvimento neste trabalho de tradução.
Mas, para se aproximar “da forma mais fiel do original”, Amadeu Ferreira teve de ultrapassar algumas barreiras: “Nas estâncias tentei manter a rima, a métrica, a acentuação tanto na sexta como na décima sílaba, todo o ritmo e musicalidade do poema se aproxima do original”.
Para facilitar a sua tarefa, o autor leu “muitas traduções de vários autores que serviram de apoio à tradução de “Os Lusíadas” para mirandês, inclusive em latim”, revela à Lusa.
Assinada sob o pseudónimo Fracisco Niebro, a edição em mirandês de “Os Lusíadas”, com a chancela da editora Âncora, conta com o prefácio de Ernesto Rodrigues, professor na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Amadeu Ferreira, especialista na língua mirandesa, havia já publicado uma versão de “Os Lusíadas” em banda desenhada, bem como “História de um povo e de uma língua”, que conta as aventuras e desventuras do povo mirandês e da sua peculiar forma de comunicar.
Além disso, o investigador publicou centenas de crónicas em mirandês no Público e no Jornal Nordeste e traduziu para mirandês três histórias de Astérix e os Quatro Evangelhos da Bíblia. Tem ainda em curso a publicação, em parceria com José Pedro Ferreira, de um dicionário de mirandês-português.