Uma equipa internacional de investigadores, que conta com uma portuguesa, acaba de identificar, na ilha de São Jorge, uma nova espécie de orquídea que será a mais rara da Europa e que apenas foi identificada, uma única vez, por um botânico alemão no
Uma equipa internacional de investigadores, que conta com uma portuguesa, acaba de identificar, na ilha de São Jorge, uma nova espécie de orquídea que será a mais rara da Europa e que apenas foi identificada, uma única vez, por um botânico alemão no século XIX.
O objetivo desta equipa composta por três investigadores era confirmar a origem das orquídeas borboletas existentes nos Açores. Na realidade, acabaram por confirmar que estas ilhas portuguesas dão abrigo a uma outra espécie de orquídeas – a raríssima 'Platanthera azorica'.
Até hoje, esta flor só tinha sido descrita num herbário de 1844 da autoria do botânico alemão Karl Hochstetter que estudou intensivamente a flora destas ilhas. A recente descoberta acaba de confirmar que, ao contrário do que se pensava, o arquipélago dos Açores possui três e não duas espécies endémicas de orquídeas.
A nova orquídea foi batizada com o nome do botânico, como forma de homenagem – passando a chamar-se orquídea borboleta de Hochstetter – e, depois de exigentes e rigorosos testes taxionómicos, foi considerada como a mais rara da Europa. A orquídea permanece isolada numa das escarpas das montanhas de São Jorge e deverá em breve ser classificada oficialmente.
A equipa já divulgou a descoberta no jornal científico PeerJ, num artigo publicado esta semana e intitulado “Systematic revision of Platanthera in the Azorean archipelago”: not one but three species, including arguably Europe's rarest orchid” e que vem ilustrado com uma fotografia da ‘nova’ orquídea – uma delicada planta com várias flores de um verde translucido.
A equipa é liderada pelo britânico Richard Bateman e conta com a colaboração da morfologista Paula Rudall mas foi a botânica portuguesa Mónica Moura (da Universidade dos Açores) que, enquanto explorava a floresta Laurissilva local em busca de orquídeas borboletas, detetou a rara flor.
“Percebi imediatamente que não se tratava das orquídeas borboletas ‘normais’ porque as flores eram demasiado grandes”, explica Mónica Moura num comunicado de imprensa do jornal PeerJ. Curiosa, a investigadora enviou “imediatamente” um email a Bateman com imagens da orquídea.
Análises feitas posteriormente confirmaram a descoberta de uma nova espécie de orquídea – à qual foi atribuído o nome científico Platanthera azorica. Entretanto, Bateman percebeu que de facto, esta ‘nova’ orquídea já tinha sido identificada num herbário da flora dos Açores compilado em 1844 pelo alemão Karl Hochstetter, contudo, na época, tinha sido confundida com outra espécie.
“A identificação desta espécie extraordinária que permaneceu anónima durante 173 anos reforça o valor da integração entre o trabalho de campo e o trabalho de laboratório”, diz o botânico Bateman no comunicado, apelando ao reconhecimento urgente desta rara flor e à aposta na sua conservação.
Notícia sugerida por Maria da Luz