Um laboratório norte-americano está a trabalhar, com a colaboração de diversas universidades e companhias, num projeto que pode vir a pôr fim às experiências realizadas em animais.
Um laboratório norte-americano está a trabalhar, com a colaboração de diversas universidades e companhias, num projeto que pode vir a revolucionar a forma como são testados novos medicamentos e agentes tóxicos tendo potencial para pôr fim às experiências realizadas em animais.
O projeto ATHENA, coordenado pelo Los Amos National Laboratory, nos EUA, passa pela criação, em curso, de quatro modelos de órgãos humanos artificiais em miniatura – um fígado, um rim, um pulmão e um coração – que podem ser ligados entre si para compor uma imitação básica do organismo tendo, cada um, um tamanho equivalente ao do ecrã de um smartphone. No total, o pequeno sistema caberá no espaço de uma secretária.
Em comunicado, Rashi Iyer, coordenadora do projeto, que deverá durar cinco anos e envolve custos na ordem dos 19 milhões de dólares (cerca de 14 milhões de euros), explica que, com esta investigação, a equipa pretende tornar obsoleta a “necessidade de realizar testes em animais ou em placas de Petri”.
“Há enormes benefícios em desenvolver sistemas de análise de fármacos e agentes tóxicos que consigam imitar a resposta de verdadeiros órgãos humanos”, esclarece Iyer, acrescentando que, “ao criar um sistema dinâmico holístico que simule, de forma mais realista, o ambiente fisiológico humano do que simples células estáticas, é possível compreender os efeitos dos químicos nos órgãos como nunca antes”.
De acordo com a investigadora, o objetivo último deste trabalho é construir quatro miniaturas de órgãos funcionais, “todos ligados por uma infraestrutura de tubos semelhante ao do nosso corpo, onde os vasos sanguíneos fazem a ligação”.
“Embora alguns céticos possam acreditar que se trata de um objetivo utópico, a equipa está confiante de que é possível fazê-lo”, garante Iyer.
Os resultados mais recentes do projeto vão ser apresentados esta semana numa conferência em Phoenix, nos EUA, pelo co-investigador John Wikswo, da Universidade de Vanderbilt, uma das parceiras do projeto.
Segundo o Los Amos National Laboratory, foi já reportado por aquela universidade o desenvolvimento bem-sucedido e a análise de um modelo de fígado humano que responde à exposição aos químicos de uma forma “muito semelhante” à de um fígado verdadeiro.
“Passámos algum tempo a analisar os desafios da construção destas miniaturas de órgãos e acreditamos que já descobrimos como capturar as caraterísticas fundamentais de que necessitamos”, congratula-se Wikswo.
O investigador relembra que, neste caso, “não se pretende construir uma réplica exata” do fígado, mas sim um modelo “in vitro que permita medir as respostas do fígado humano aos fármacos e às toxinas” de uma forma mais eficiente do que numa cultura em laboratório.
Os especialistas esperam conseguir ligar entre si as miniaturas do fígado e do coração nos próximos meses e vão dedicar-se, posteriormente, ao desenvolvimento do pulmão e do rim e à sua integração no sistema.