Publicado na revista Plos One, o estudo de Laura Alho envolveu a participação de 80 voluntários, aos quais foram apresentados filmes constituídos por cenas reais de crimes, recolhidas por câmaras de segurança e viaturas policiais.
Durante o visionamento destes filmes, os participantes foram expostos continuamente a um dos odores corporais, previamente recolhidos pelos investigadores e 20 voluntários, informados de que aquele cheiro pertencia ao agressor.
Depois, e já numa segunda fase da investigação, foram invocados os procedimentos geralmente usados em trabalhos que envolvem testemunhos oculares, isto é, a presença ou ausência de odor-alvo nos alinhamentos de amostras dadas a cheirar aos voluntários.
Os investigadores informaram os participantes de que o odor podia estar ou não presente no alinhamento. Por outro lado, a administração dos alinhamentos foi duplamente cega, ou seja, nem os participantes nem os investigadores sabiam qual era a condição que estava a ser realizada, foram outros aspetos que também se teve em conta.
Por fim, os participantes foram questionados sobre a qual dos cinco odores estiveram sujeitos durante o visionamento dos filmes. A maior parte dos participantes conseguiu acertar no cheiro em causa, explica a UA em comunicado enviado ao Boas Notícias.
“Os resultados revelaram que, quando o odor alvo estava presente [no alinhamento de cinco odores dados a cheirar aos participantes] o acerto na identificação foi de 75 por cento”, explica Laura Alho, citada pelo mesmo comunicado.
Olfato pode ajudar a obter novas pistas
A investigadora acrescenta que, “quando o odor estava ausente, verificou-se uma grande percentagem de falsos positivos, sugerindo que o testemunho olfativo parece funcionar melhor quando o odor-alvo está presente no alinhamento”.
Uma situação que não é nova em relatórios criminais. “Em casos onde a vítima tenha contacto direto com o ofensor, como em casos de crime sexual ou de agressão física, o odor corporal deste pode ser recordado pela vítima e a sua descrição pode estreitar a lista de suspeitos. Existem vários casos nacionais e internacionais que demonstram isso”, afirma.
De acordo com o mesmo comunicado, este estudo apresenta os primeiros resultados experimentais a nível mundial que envolvem a identificação de odores corporais em contextos de crimes violentos.
Este trabalho, orientado por Sandra Soares, Carlos Fernandes da Silva e Mats Olsson, já saiu fora de portas, e neste momento, estão a decorrer colaborações internacionais, nomeadamente com a investigadora Kate Houston, da Texas A&M International University (EUA), especialista em psicologia forense e colaboradora do FBI.
Notícia sugerida por Patrícia Guedes e Maria da Luz