Vivemos numa época em que as transformações sociais são constantes. Será que estas alterações são encaradas de forma positiva e pacífica por todos? Pois bem, quando se trata de conjugalidade, nem sempre é assim?
Vivemos numa época em que as transformações sociais são constantes. Será que estas alterações são encaradas de forma positiva e pacífica por todos? Pois bem, quando se trata de conjugalidade, nem sempre é assim…
por Natália Antunes, Psicóloga Clínica e Terapeuta Familiar
Na verdade, tem vindo a ser cada vez mais constante o fenómeno em que são os homens quem, no casal, procura ajuda. Que motivos os levarão a fazer isso? Espantemo-nos: queixam-se da falta de atenção das companheiras!
Será estranho este fenómeno? Ora vejamos…
Se virmos com atenção a forma como estes homens foram educados, rapidamente entendemos que eles são, ainda, o fruto das famílias em que o homem era o provedor e a mulher a cuidadora. Viram, anos a fio, o seu pai chegar a casa e ter uma esposa disponível para cuidar dele e dos filhos. Ora, se estes homens que, durante toda a sua educação, tomaram estes exemplos, será agora assim tão simples terem de partilhar a atenção das suas esposas com a atenção que elas dão ao(s) trabalho(s), aos filhos, ao ginásio, às compras, aos jantares com os amigos?
Na verdade, são muitos os casais que vêm com a narrativa de que “não são um casal normal”, e quando é explorada esta questão, rapidamente compreendemos que a “anormalidade” vem desta diferença entre os modelos que seguem da conjugalidade (e que vieram dos seus pais e avós) e a forma como eles mesmos estão a criar um novo modelo.
Afirmam frequentemente que “é ele quem cozinha e quem cuida dos miúdos”, “é ela quem chega a casa e se senta a ver televisão”, o que rapidamente leva à conclusão de que são diferentes dos outros, emergindo uma espécie de “culpabilidade” por não terem os papéis que deveriam ter herdado.
Esta reflexão bate num dos principais mitos que os casais têm – o do casal perfeito! Eles, os homens, esperariam uma mulher carinhosa, disponível, amável, e com tempo para eles; elas, as mulheres, esperariam um homem desligado, mais dedicado à vida extra-familiar do que à vida familiar. Ora, quando os papéis se invertem, quando os homens solicitam cada vez mais atenção e quando as mulheres têm cada vez mais compromissos extra-familiares, isto levará a um sentimento de que estão a falhar enquanto casal…
Na verdade, o processo inicial de terapia leva a uma desmitificação do que é o casal que eles esperariam ser: não serão como os modelos que tiveram, serão diferentes mas certamente que terão, como todos os outros, as forças e as oportunidades para, em conjunto, desenvolverem um modelo de conjugalidade coeso e promotor de resiliência.
E se os homens gostarem de cozinhar e as mulheres de verem futebol? Pois bem, estamos certos que terão as competências necessárias para lidar com estas mudanças e para (re)conhecerem o que têm de melhor!
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