[Por Madalena Lobo, Psicóloga Clínica]
O nosso crescimento pessoal, com as suas múltiplas aprendizagens, transformam-nos de formas profundas, na forma como pensamos, sentimos e agimos; os nossos papeis sociais – agora sou estudante e logo sou profissional, agora sou solteiro e, de repente, dou por mim como pai/mãe de família – e o lugar que ocupamos no mundo obrigam-nos a mudanças que só quem não nos vê há algum tempo consegue detectar; e o próprio mundo que nos rodeia tem uma dinâmica acelerada que imprime movimentos estonteantes até mesmo aos mais resistentes à mudança. E mudança implica perda – ganham-se mundos novos, perdem-se mundos antigos.
Mas o ser humano precisa de sentir a linha de continuidade que interliga dimensões presentes às passadas e futuras, que o solidifiquem e o estabilizem. Por isso, sugiro-lhe uma pequena reflexão, aproveitando uma época propícia aos balanços pessoais, que lhe permita recolher os pedacinhos do seu mundo que foram ficando perdidos em 2012 transportando-os consigo para 2013.
Recorde o seu mês de Janeiro (talvez dando uma olhadela à sua agenda, porque a memória é traiçoeira). O que foi importante para si neste tempo? O que fez, quem foi, quem o acompanhou, quais foram os momentos que o reconfortaram, que o encheram de alegria, que o invadiram de orgulho? Detenha-se uns segundos em todos os aspectos do seu “Mundo-Janeiro” que lhe foram úteis, agradáveis, interessantes.
Agora, percorra Fevereiro da mesma forma e, depois, um a um, os restantes meses. Vá observando a forma como o seu corpo reage: o calor que eventualmente o invade, a descontração muscular, a expansão torácica, a quietude do estômago, o alisamento dos pequenos músculos faciais… Seja o que for, repare nos sinais de agrado com que o seu corpo recebe esta recolha de memórias importantes e que tinham ficado adormecidas ou apenas espalhadas por dias do seu passado recente.
Agora visualize a sua árvore de Natal e imagine que cada uma dessas recordações de 2012 lá está, envolta em papel de embrulho, laçarote em cima – os seus presentes especiais de Natal, que levará consigo para o Novo Ano.
E talvez queira usar mais dois ou três minutos para se imaginar no seu novo mundo, -2013 – transportando, sob a forma das sensações agradáveis que foram evocadas e que o seu corpo recorda ainda na sua totalidade, estas dádivas que foi recolhendo num pequeno mundo pessoal de alguns meses, sentindo a mudança, a força e o crescimento que lhe vão permitir viver em pleno e com segurança o que estiver à espreita lá mais à frente.
Envio-lhe, num abraço, o desejo de que viva cada dia com a consciência aguçada das pequenas dádivas que lhe são presentes a cada momento. Festas Felizes!).
[Madalena Lobo é Diretora Geral da Oficina de Psicologia. Para saber mais sobre este projeto visite www.oficinadepsicologia.com ou http://www.facebook.com/oficinadepsicologia]