Na vida todos passamos por momentos de dor, medo ou ansiedade. Estas experiências são inevitáveis, fazem parte da natureza humana. Porém, passamos a vida a tentar evitá-las.
Na vida todos passamos por momentos de dor, medo ou ansiedade. Acontece connosco, com quem nos é mais próximo e até com aquelas pessoas que achamos serem imperturbáveis. Estas experiências são inevitáveis, fazem parte da natureza humana. Porém, passamos a vida a tentar evitá-las, a tentar fugir delas, a tentar distrair-nos destes momentos e destas emoções.
por Inês Custódio, Psicóloga Clínica
Na verdade, faz sentido fugirmos sempre que possível, pois desde muito novos nos é ensinado que não temos de passar por situações negativas e que devemos procurar apenas aquelas que nos fazem sentir bem.
Refletindo um pouco, percebemos que de facto é desta forma que lidamos com o mundo, por exemplo, “não quero apanhar chuva, utilizo um guarda-chuva”, “estou a queimar-me, tiro a mão”, etc.
O problema é que esta estratégia deixa de funcionar quando falamos da nossa experiência interna. Cá dentro (e poderá ver pela sua experiência) quanto mais tentamos afastar a ansiedade ou quanto mais tentamos distrair-nos da dor, evitando a todo o custo pensar nela, mais está presente.
Ao tentar evitar a dor estamos a:
• Aumentar a experiência negativa, pensando mais sobre ela e criando outras emoções como a frustração, por não conseguirmos controlar a nossa dor.
• Aumentar a perceção de que a dor é perigosa e insuportável, quando na maioria das vezes não é. Já pensou que se estas emoções existem no humano é porque as conseguimos aguentar?
• Aumentar o medo da situação, pois o facto de não nos permitirmos estar verdadeiramente com ela faz com que a emoção não seja totalmente conhecida. E nós tememos mais o desconhecido.
• Não estamos a encontrar uma verdadeira solução para a situação, estamos simplesmente a tentar aliviar temporariamente uma situação que voltará.
Se todas as nossas estratégias parecem falhar, uma nova solução poderá ser algo tão simples e tão assustador como aceitar e deixar estar.
Quando aceitamos que uma emoção negativa também tem espaço na nossa vida e por isso pode estar, deixamos de lutar desesperadamente contra ela e focamos a nossa energia em compreendê-la melhor, procurando outra solução para lidar com ela. Quando aceitamos estamos efetivamente a viver a emoção e não aquilo que a nossa cabeça criou a respeito dela.
É então essencial aceitarmos que há coisas boas e coisas más na vida, e que para encontrarmos a nossa paz e a nossa felicidade temos de passar por algumas experiências menos positivas.
Ao estarmos nestes momentos, ao passarmos por eles, crescemos e aprendemos, mesmo que seja algo tão simples como “tenho a força para suportar e estar com aquela dor que parecia tão insuportável” ou que “tudo acaba por passar”, pois nada é para sempre: nem a dor, nem a tristeza, nem o medo, nem o sofrimento… que eventualmente acabam por sair.
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