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O que fazem 10 desconhecidos à volta de uma mesa?

Se uma noite, ao passear por Alfama, encontrar uma mesa posta para 10 pessoas, não se admire. Trata-se de mais um dos jantares "Alfama-te a 10", promovidos pela associação Alfama-te, e que servem de pretexto para descobrir (ou redescobrir) alguns can
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Se uma noite, ao passear nas ruas de Alfama, encontrar uma mesa posta para 10 pessoas, não se admire. Trata-se de mais um dos jantares “Alfama-te a 10”, promovidos pela associação Alfama-te, e que servem de pretexto para descobrir (ou redescobrir) alguns cantos de Lisboa, ao mesmo tempo que se conhecem novas pessoas e, quem sabe, se iniciam novas amizades. O Boas Notícias participou e ficou “alfamado”.

Pouco depois das 21h30 já estava o grupo do jantar “Alfama-te a 10” reunido no ponto de encontro. Éramos mais mulheres do que homens (oito para dois) e as idades variavam entre os 20 e os 40 anos, embora a maioria rondasse a casa dos 30.

O pátio escolhido para o jantar desta noite, uma sexta-feira, foi o largo de Santo Estêvão, ao lado da Igreja que dá nome ao largo e que foi completamente reedificada em 1733, sobre as fundações de um antigo templo do século XII. Com vista para o Tejo, Alfama e as estrelas – que nessa noite eram muitas – a conversa desfiou-se aos poucos. E apesar de sermos 10 desconhecidos, não houve momentos de silêncio.

Claro que o incentivo dos elementos da associação – que organizam pequenos jogos iniciais para dinamizar as conversas – ajudou a quebrar o gelo. Entre garfadas e goles de vinho ou sangria falou-se um pouco de tudo: de trabalho, de memórias de infância, de taras e manias. A comida – que é confecionada por moradores do próprio bairro – podia ter sido mais surpreendente mas não deixou ninguém com fome.

Depois do jantar, o grupo encaminhou-se para outros recantos de Alfama, como o Tejo Bar, no beco do Vigário, onde houve guitarras e fado castiço. A noite acabou já tarde, na “casa” da Bela, um refúgio ideal para petiscos e conversas fora de horas, na Rua dos Remédios. Na despedida, ficou a promessa de um novo encontro entre estas 10 pessoas que, agora, já não serão assim tão desconhecidas.

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Frederico Carvalho, um dos sócios fundadores da associação Alfama-te, explicou ao Boas Noticias que o “Alfama-te a 10” começou em Abril de 2011 e “tem sido um dos programas mais bem-sucedidos da associação”. “Costumam aparecer mais mulheres do que homens porque penso que as mulheres são mais aventureiras, mas aparece todo o tipo de pessoas e de todas as idades, dos 18 aos 70”, sublinha.

Mostrar Alfama aos portugueses

O “Alfama-te a 10” é o programa mais regular da associação mas há outros eventos que surgem ao longo do ano, sendo que a regra é acontecerem sempre no bairro de Alfama. A ideia, diz Frederico, é mesmo “promover a zona, trazer as pessoas para cá, seja de noite seja de dia”. “Queremos lutar para que o comércio, as casas, os restaurantes, as coletividades continuem vivas, sendo que algumas estão tão abandonadas que ameaçam fechar portas”, salienta.

A associação nasceu um pouco por acaso. Frederico era um dos embaixadores do Couchsurfing (rede social para partilhar casa ou conhecer novas pessoas  enquanto se viaja) de Lisboa e percebeu, quando organizava eventos de acolhimento a estrangeiros, “que os turistas conheciam melhor os recantos da cidade do que os próprios lisboetas”. Por isso, Frederico mais alguns amigos decidiram “inverter as atividades” e, em vez de as dirigir a estrangeiros, passaram a dirigi-las a quem vive em Lisboa.

A associação tem várias iniciativas dispersas ao longo do ano – alguma coisa melhor, por exemplo, do que uma venda de garagem onde qualquer pessoa pode “despachar” os peluches, os CDs ou os vestidos que já não saem do armário? – mas a principal aposta são as festas temáticas.

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Qualquer pretexto serve para Alfamar

Desde a festa da Declaração da Independência de Alfama  onde nasceu o “alfamarei” (a nova moeda do bairro), à Festa do Desempregado onde foram divulgadas ofertas reais de emprego, passando pela Festa do Avental numa alusão à maçonaria, “qualquer assunto que esteja mais ou menos na ordem do dia serve de pretexto para organizar um evento Alfama-te”.

Alguns moradores mostraram, no início, alguma desconfiança com esta coisa de “alfamar” o seu bairro, mas agora, garante Frederico, acolhem o projeto com carinho. “Os moradores mais antigos achavam que queríamos transformar Alfama num Bairro Alto mas já perceberam que nós queremos revitalizar o bairro, queremos que as pessoas conheçam e respeitem Alfama tal como ela é”, salienta.

Se “rotina” e “previsível” são palavras que não quer incluir no seu vocabulário, vale a pena Alfamar-se por uma das festas ou eventos da associação. Os jantares “Alfama-te a 10” têm um custo de 20 euros e decorrem, normalmente, uma vez por semana, às quartas-feiras (poderão acontecer noutros dias da semana se a procura for muita).

As outras iniciativas vão sendo divulgadas no Facebook do grupo, a plataforma escolhida pela associação para partilhar com os “alfamados” que por aí andam – e que neste momento são já mais de 10.500 – todas as novidades.

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