No final de Julho, um dos maiores símbolos nacionais subiu até à estratosfera. Um galo de Barcelos único, feito em exclusivo para a ocasião, voou até 33 mil metros de altitude, equipado com duas câmaras de alta definição que gravaram toda a viagem.
No final de Julho, um dos maiores símbolos nacionais subiu até à estratosfera. Um galo de Barcelos único, feito em exclusivo para a ocasião, voou até 33 mil metros de altitude, equipado com duas câmaras de alta definição que gravaram toda a viagem.
por Margarida Cruz
A ideia nasceu das mãos de
Marco Neiva, de 28 anos, um “barcelense com muito orgulho”. Por ser um “empreendedor nato, apaixonado pela tecnologia de visualização 3D”, não pensou duas vezes quando teve esta ideia para levar Portugal a “voar mais alto”.
“Estava a fazer um trabalho, a editar um vídeo de um senhor que apresenta o 'homem lego' que tinha ido ao espaço anexado a um balão atmosférico. Como sou barcelense, a primeira coisa que pensei foi: porque não fazer o mesmo com um galo de Barcelos?”, conta ao Boas Notícias.
Corria o mês de Fevereiro, na altura. Marco deitou mãos à obra e começou a fazer contactos para perceber o que era preciso para tornar a sua ideia real. Entre as pesquisas, cruzou-se com o
Projeto Balua, um grupo de engenheiros aeroespaciais do Instituto Superior Técnico, cujo trabalho se foca no desenvolvimento de balões atmosféricos reutilizáveis e controláveis.
“Fiz-lhes a proposta e ficaram muito entusiasmados”, conta Marco. “Já tinham feito dois lançamentos, ambos com sucesso, pelo que a parte técnica ficou praticamente resolvida.”
Com a parte da recolha de imagem por sua conta, só faltava mesmo o galo. “Precisava de um galo com algumas características específicas: pequeno, leve, o mais tradicional possível e apto a ir até à estratosfera e a ultrapassar as condições adversas das regiões mais altas da atmosfera. Portanto, o barro estava fora de questão”, explica.
Por isso, entrou em contacto com a Associação de Artesãos de Barcelos, onde se mostraram “fascinados” com a ideia. Os artesão criaram um galo num “metal leve” que reunia todas as condições para subir ao espaço. O galo de Marco estava pronto para lançamento no dia 27 de Julho, junto às margens do rio Cavado, em Barcelos.
No evento estiveram presentes 40 artesãos, que escreveram mensagens com os seus desejos e sonhos e as colocaram na caixa do equipamento aeronáutico que subiu com o galo ao espaço.
Galo de Barcelos aterrou na Galiza
O voo durou cerca de 2 horas (1h30 para subir e cerca de 30 minutos para aterrar), tendo a viagem terminado noutro país que não o de origem. O galo de Barcelos acabou por aterrar numa figueira de um quintal na Galiza, em Espanha, para surpresa do proprietário.
“O mais engraçado é que as câmaras ainda estavam a recolher as imagens e gravou toda aquela dinâmica e curiosidade da parte do senhor que viu o galo a cair na sua figueira!”, recorda Marco Neiva.
Durante a viagem, os equipamentos de localização instalados no sistema fizeram prever que o galo português acabasse por aterrar em território espanhol. “Errámos as previsões apenas por uma nesga de 6 km.”
Satisfeito com o resultado, Marco diz que as imagens, “gravadas em alta definição” com câmaras de filmar específicas para desportos radicais, são de excelente qualidade e que correspondem às suas expectativas.
A iniciativa visou “mostrar a algumas entidades que é possível fazer coisas interessantes para promover o nosso país, de forma criativa, inteligente e com custos mínimos”.
O vídeo desta aventura está disponível nas redes sociais desde o dia 2 de Agosto e Marco diz mesmo que as visualizações já ultrapassaram o esperado pela equipa.
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