Quando chegam a Lisboa, Gino e Maria encontram uma teia de personagens e relações que se vai construindo à sua volta: um conde aristocrata, um candidato a primeiro-ministro, uma mulher misteriosa que dirige um salão literário, uma psicanalista lésbica, uma astróloga com atividades pouco claras, entre outras, dão corpo a um conjunto de figuras, cujas estórias se vão entrecruzando e em que cada uma está mais dependente da outra do que julga e deseja.
É pela voz destas personagens que o leitor vai acompanhando o processo da sua convergência para uma situação complexa em que todos dependem de todos. E quando Marcelo, político em ascensão, aparece morto, todos são, naturalmente, suspeitos.
A originalidade do enredo, a limpidez da escrita e o retrato exímio de diversos tipos sociais – dos meandros da política ao mundo financeiro, do artista falhado ao refugiado que vai perdendo a sua identidade, dos excessos da burguesia bem instalada aos problemas quotidianos da classe média – são elementos que assinalam o regresso de Júlio Moreira e que fazem de “O Dia Claro” um romance vigoroso e atual, que prende o leitor até à última página.
Sobre autor:
Júlio Moreira nasceu em Lisboa em 1930. É engenheiro agrónomo e arquiteto paisagista, profissões que tem exercido sem prejuízo de uma constante relação com a literatura, que se traduz na publicação de artigos culturais em revistas e jornais, oito romances (alguns editados no Brasil e Alemanha, entre os quais “A Barragem”, galardoado com o Prémio PEN Club), e numerosos contos em antologias e revistas.