Um artigo publicado hoje no jornal New York Times presta homenagem ao fotógrafo João Silva, que em outubro perdeu as duas pernas na explosão de uma mina no Afeganistão. No texto, o fotojornalista Michael Kamber descreve o profissional português, de q
Um artigo publicado hoje no jornal New York Times presta homenagem ao fotógrafo João Silva, que em outubro perdeu as duas pernas na explosão de uma mina no Afeganistão. No texto, o fotojornalista Michael Kamber descreve o profissional português, de quem é amigo pessoal, como um dos fotógrafos “mais amados e admirados” da atualidade.No artigo, o fotojornalista começa por fazer uma breve descrição da vida de João silva, enquanto aluno problemático na África do Sul, onde o português está radicado, explicando que a vida de João Silva mudou quando pegou pela primeira vez numa máquina fotográfica. “João apaixonou-se pela câmara”, explica Michael Kamber.
O autor do artigo explica ainda que “num prazo espantosamente curto”, as fotos de João Silva fizeram capas de jornais um pouco por todo o mundo. “A sua câmara tornou-se num poderoso instrumento, ajudando o público a perceber guerras que se arrastam por décadas”, salienta.
Kamber afirma que as fotografias de João Silva criaram um “registo inigualável da Guerra”, destacando imagens como a de um soldado norte-americano a arrastar o corpo ensanguentado do seu camarada pela lama, a de uma mãe iraquiana gritando desesperada sobre o cadáver do seu filho, ou a de uma vitima de um carro-bomba a arder em chamas.
“Talentoso, humilde e generoso”, é assim que Kamber descreve João, afirmando que o fotógrafo era “como uma rocha para muitos jornalistas no campo de batalha”. “Não seria exagero dizer que era o fotógrafo mais amado e respeitado da atualidade. Por isso, os seus ferimentos causaram uma crise de confiança em muitos fotojornalistas”, sublinha.
O autor do texto – ele próprio repórter de guerra – conta que, depois do acidente de João silva, muita gente lhe pergunta porque insiste em fotografar o sofrimento que os Homens infligem uns aos outros.
E a resposta, diz Kamber, foi-lhe dada pelo próprio João Silva, há um ano atrás. “Recebo muitas mensagens de pessoas que dizem que nos mostramos ao mundo aquilo que as pessoas não podem testemunhar”, disse o fotógrafo português a Kamber, no ano passado.
Kamber termina o artigo, com uma mensagem de esperança para João, que continua internado no hospital militar de Washington, EUA. “Eu sei que a câmara de João ainda não acabou o seu trabalho. Assim que encontrar equilibro nas suas novas pernas, ele ira aventurar-se de novos pelos cantos do mundo. Ele ama a fotografia como poucos pessoas no mundo.”
[Notícia sugerida pela utilizadora Elsa Vieira]