Dois cientistas desenvolveram um teste capaz de detetar células cancerígenas, onde se encontram e em que estádio estão, em apenas 90 minutos.
Dois cientistas desenvolveram um teste capaz de detetar células cancerígenas, onde se encontram e em que estádio estão, em apenas 90 minutos. A investigação foi apresentada na TEDGlobal, conferência de ideias inovadoras, na cidade do Rio de Janeiro, na passada sexta-feira.
O método surgiu de uma parceria entre Jorge Soto, engenheiro mexicano de 29 anos, e Fay Christodoulou, bióloga molecular de 31 anos. Segundo a BBC Brasil o objetivo é democratizar o acesso ao diagnóstico de cancro em fases iniciais e diminuir a espera de possíveis doentes por um tratamento que possa curá-los.
A investigadora grega focou-se no estudo dos microRNAs – moléculas de ácido ribonucleico, responsáveis pela síntese das proteínas das células – que, defende a própria, são mais confiáveis como marcadores que outras proteínas e que se diferenciam consoante a sua localização no corpo.
“Atualmente, é preciso procurar cada tipo de cancro separadamente. Assim, nós oferecemos uma plataforma agnóstica. Detetamos os microRNAs e cruzamos essa informação com a literatura existente para definir de que cancro se trata”, explicou a investigadora.
O processo de diagnóstico requer apenas uma amostra de 2 mililitros de sangue de onde se extrai o RNA sanguíneo através de kits disponíveis em lojas com um custo de cerca de três euros.
Para se trabalhar com microRNAs são necessárias máquinas que custam entre 20.000 e 800.000 euros, mas a equipa de cientistas descobriu uma forma simples de construção de um recipiente cilíndrico em plástico, feito numa impressora 3D, que recebe o RNA do sangue.
O recipiente tem uma ranhura onde se insere um smartphone, cuja câmara fotografa o ambiente onde acontecem as reações químicas que brilham de formas diferentes, o que indica se há células cancerígenas, onde estão e em que estádio se encontram.
© TEDGlobal
As fotografias das reações, que levam cerca de 90 minutos a ocorrer, são enviadas através de uma aplicação para o servidor da empresa dos investigadores, onde são processadas e comparadas numa base de dados.
A dupla de investigadores está agora a desenvolver um dispositivo capaz de fotografar as reações químicas e de enviá-las diretamente para a empresa, prescindindo-se, assim, do uso de um smartphone.
“Estamos a fazer testes clínicos neste momento e vamos continuar a fazer durante o próximo ano. Para estar disponível em consultórios médicos precisamos de passar pelo processo de regulação que dura cerca de três anos”, afirma Jorge Soto.
O dispositivo terá um custo de cerca de 400 euros e o teste rondará os 120 euros, cerca de 50 vezes menos que os métodos de diagnótico convencionais.
Notícia sugerida por Patrícia Guedes e Maria da Luz