Uma equipa internacional de investigadores, financiada pela Agência Espacial Europeia (ESA, sigla em inglês), conseguiu um novo recorde de distância no teletransporte quântico, reproduzindo as características de uma partícula de luz a 143 quilómetros de distância de onde se encontrava a partícula original.
Durante a experiência, os cientistas conseguiram transferir as propriedades físicas de uma partícula de luz (um fotão) para outro fotão, através de teletransporte quântico. A transferência cobriu os 143 quilómetros que separam o telescópio Jacobus Kapteyn, na ilha de La Palma (nas Canárias) e a Estação Ótica de Terra da ESA (em Tenerife). O recorde anterior, estabelecido em Maio deste ano por uma equipa de cientistas chineses, era de 97 quilómetros.
Para que o teletransporte quântico seja possível, as duas partículas devem “entrelaçar-se” – compartilhar as propriedades físicas por meio de um fenómeno conhecido como “entrelaçamento quântico”. Assegurado o “entrelaçamento”, a alteração de uma determinada propriedade física, como a polarização ou o spin, irá gerar o mesmo resultado nas duas partículas, independentemente da distância a que se encontram e sem que se transfira fisicamente qualquer outro sinal entre elas.
Em comunicado, a ESA explica que “o teletransporte quântico não é uma cópia, no sentido mais estrito do termo, uma vez que o ato de transferir informação de uma partícula a outra destrói a partícula original –as suas características transferem-se à partícula entrelaçada”.
“O primeiro teletransporte quântico aconteceu em condições de laboratório. O desafio aqui foi manter o entrelaçamento entre os dois fotões a uma distância de 143 Km, apesar das perturbações das condições atmosféricas”, explica Eric Wille, supervisor do projeto para a ESA, citado num comunicado de imprensa da agência.
Albert Einstein referiu-se ao fenômeno do entrelaçamento quântico como uma “ação fantasmagórica à distância”, mas hoje este fenómeno físico está bem documentado e é fundamental para as futuras gerações de supercomputadores quânticos e para criar sistemas de comunicação altamente encriptados.
O passo seguinte dos investigadores será conseguir o teletransporte com um satélite em órbita, para demonstrar que a comunicação quântica é possível em distâncias ainda maiores.
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[Notícia sugerida por Patrícia Guedes]