A UNESCO e o governo do Quénia acabam de anunciar a descoberta, no norte daquele país, de reservas de água subterrâneas estratégicas. O achado poderá ajudar a combater a falta de acesso a água potável, em especial na região de Turkana.
A UNESCO e o governo do Quénia acabam de anunciar a descoberta, no norte daquele país, de reservas de água subterrâneas estratégicas. O achado poderá ajudar a combater a falta de acesso a água potável, em especial na região de Turkana, particularmente seca, e melhorar a qualidade de vida de pelo menos meio milhão de pessoas.
Em comunicado conjunto, as duas entidades explicam que foram encontrados dois aquíferos, o de Lotikipi e o de Lodwar, com recurso a tecnologias de exploração por satélite, tendo sido a sua existência confirmada através de perfurações recentemente conduzidas pela UNESCO.
De acordo com as informações veiculadas será necessária a realização de estudos para determinar a quantidade exata de água nas reservas e para tirar conclusões acerca da sua qualidade, mas só o aquífero de Lotikipi (situado junto ao maior lago desértico permanente do planeta, o Lago Turkana) tem potencial para aumentar significativamente as reservas de água estratégicas quenianas.
Já o aquífero de Lodwar, mais pequeno, poderá servir como reserva estratégica para o desenvolvimento da cidade de Lodwar, a capital do município de Turkana. Além disso, foram também identificados por satélite três aquíferos adicionais, que ainda não foram confirmados no local.
Apesar de afirmarem que um longo caminho a percorrer para apurar de que forma estes aquíferos poderão contribuir para o desenvolvimento económico do Quénia, tanto o governo como a UNESCO estão satisfeitos com a descoberta, já que, entre os 41 milhões de habitantes do país, 17 milhões não têm acesso a água potável e 28 milhões não dispõem de saneamento básico.
Exploração responsável em nome das gerações futuras
“As notícias sobre estas reservas de água vêm numa altura em que a necessidade de encontrar fontes de água confiáveis é muito grande. A recém-descoberta riqueza em água abre a porta a um futuro mais próspero para as pessoas de Turkana e para a nação como um todo. Agora teremos de trabalhar para explorar estas reservas de forma responsável e salvaguardá-las para as gerações futuras”, afirma Judi Wakhungu, do ministério do Ambiente, Água e Recursos Naturais do Quénia.
Realçando a vulnerabilidade do país a este nível devido aos padrões instáveis de precipitação e à influência das alterações climáticas, Wakhungu defende que será necessária uma análise mais aprofundada das reservas e um maior investimento para compreender estes aquíferos e aumentar a capacidade de monitorização e proteção dos mesmos.
“A UNESCO está orgulhosa de ser parte desta descoberta importante, que claramente demonstra como a ciência e a tecnologia podem contribuir para a industrialização e o crescimento económico e para a resolução de problemas reais ao nível da sociedade, como o acesso a água potável”, sublinha Gretchen Kalonji no mesmo comunicado.
“[O achado] está em linha com a visão da UNESCO relativa ao uso da ciência para promoção do desenvolvimento sustentável e vamos continuar a apoiar África e a ajudar o continente africano a desbloquear o verdadeiro potencial da riqueza invisível que possui em termos de água”, conclui Kalonji.
De destacar que o governo do Quénia anunciou ainda o lançamento de um programa de mapeamento de reservas aquosas a nível nacional que será implementado em parceria com a UNESCO e que poderá ajudar as diferentes autoridades municipais a identificar os recursos locais.