A dieta testada pelo investigador Valter Longo, da University of Southern California (EUA), foi aplicada em ratinhos e em humanos. A dieta – baseada no conceito FMD (fast metabolism diet) – simula o jejum já que impõe uma redução de calorias na ordem dos 34 a 53 por cento, apostando num aumento do consumo de proteínas e micronutrientes.
Este jejum mensal simulado provoca a diminuição da hormona IGF-I, que é necessária, na juventude, para o processo de crescimento mas que também promove o envelhecimento e tem sido associada a uma maior susceptibilidade de ter cancro.
Os testes em ratinhos demonstraram que esta dieta baixa em calorias, aplicada durante 4 a 5 dias uma vez por mês, aumenta a esperança de vida, reduz a incidência de cancro, impulsiona o sistema imunológico, reduz as doenças inflamatórias, além de atrasar a perda de densidade mineral óssea, melhorando as capacidades cognitivas dos ratos mais velhos monitorizados no estudo.
Num ensaio piloto realizado a humanos, aplicou-se a mesma dieta em três ciclos (uma vez por mês, durante 5 dias), a 19 indivíduos. Para comparar os resultados, foi usado um grupo de control que não seguiu a dieta mas consumiu o mesmo número total de calorias por mês.
Os resultados demonstraram que, nos participantes que praticaram a FMD, os sinais de envelhecimento baixaram, bem como os factores de risco relacionados com diabetes, doenças cardiovasculares e cancro, sem apresentar efeitos adversos, diz o investigador Valter Longo num comunicado de imprensa.
“O jejum rigoroso é muito difícil de manter e também pode ser perigoso, foi por isso que desenvolvemos uma dieta complexa que consegue desencadear os mesmo efeitos no organismo”, refere Edna M. Jones, professora de Biogerontologia e Diretor do Instituto de Longevidade da University of Southern California (EUA). “Eu própria experimentei os dois métodos e o jejum através da dieta é muito mais fácil e seguro”, acrescenta.
Ajuda na prevenção e no tratamento do cancro
Valter Longo demonstrou, através da dieta, que o jejum simulado pode ajudar a “matar à fome” as células cancerígenas, protegendo simultaneamente as células saudáveis e aquelas que fazem parte do sistema imunitário, uma vez que pode evitar que se chegue ao tratamento por quimioterapia.
“É uma espécie de reprogramação do corpo para que ele entre em modo de envelhecimento mais lento, mas também é capaz de rejuvenescê-lo através da regeneração provocada pelas células estaminais”, disse Longo.
O especialista considera que para obter os benefícios desta dieta, um indivíduo normal não precisa de praticar a FMD mais do que uma vez de seis em seis meses. Pessoas obesas ou com outros problemas de saúde a dieta pode ser recomendada de duas em duas semanas.
“Se os resultados permanecerem tão positivos como os atuais, creio que esta dieta representará a primeira intervenção segura e eficaz para promover mudanças positivas associadas a longevidade, podendo ser recomendada por um médico”, disse Longo.
Apesar dos efeitos positivos já demonstrados, os investigadores avisam que esta dieta não deve ser auto-aplicada sem antes consultar um médico, sobretudo no caso de pessoa com problemas de saúde como a diabetes.