Gleffe preparava-se para visitar a ilha com sua família quando Anders Behring Breivik, abriu fogo sobre os jovens no acampamento.
Segundo explicaou Gleffe à revista alemã Der Spiegel, inicialmente muitos dos adolescentes temiam que ele fosse cúmplice de Breivik.
“Alguns gritavam: ‘Vai-te embora…Não te aproximes’.Outros perguntavam: ‘Vai-nos matar?'”, lembra Gleffe.
“Eles estavam por toda parte na água. Atirei coletes salva-vidas com uma corda presa e puxei-os a bordo, enquanto todos gritavam e choravam”, acrescenta.
O turista alemão que já é visto como um herói diz que agiu apenas por instinto e que numa situação como a que presenciou “não se tem medo, faz-se o que é preciso”.
“Eu sei a diferença entre fogo de artifício e tiros. Percebi imediatamente do que se tratava, e que não era uma brincadeira”, recorda Gleffe que diz ter reconhecido logo o som da arma automática.
“Vi dois jovens que nadavam para longe da ilha.Em seguida, granadas de fumo e várias explosões de arma automática”, acrescenta.
Através dos binóculos Gleffe pôde ver que havia mais gente na àgua e fez pelo menos quatro viagens até receber instruções da polícia para parar, por motivos de segurança.
“Os jovens estavam bem. Apoiaram-se uns aos outros e foram organizados, disseram quem precisava de primeiros socorros e quem tinha de ir para o barco primeiro”, conta Gleffe que diz também que apesar de os jovens terem ficado “felizes por receber ajuda”, “não tinham a certeza em quem podiam confiar”.
Mais de 90 pessoas ficaram feridas no duplo atentado da autoria confessa de Breivik, e há ainda desaparecidos naquele que foi o pior ataque em solo norueguês desde a Segunda Guerra Mundial.
Breivik foi ontem a tribunal e, apesar ter pedido uma audiência pública, o pedido foi negado e todas as fases do julgamento decorrerão à porta fechada. Um golpe no plano global desenhado pelo terrorista de 32 anos, que se diz porta-voz de um movimento para eliminar os regimes multiculturais e “de ódio” da Europa: islamismo, comunismo e nacional-socialismo.
Milhares de pessoas reuniram-se ontem na catedral de Oslo em memória dos mortos e feridos nos ataques, numa cerimónia que durou cerca de 90 minutos. Os números atualizados pela polícia norueguesa contam 76 mortos.