A descoberta foi feita há oito anos, ao largo da Namíbia, mas agora ganhou novo fôlego graças a uma reportagem da Fox News. A estação norte-americana fala num tesouro de 11 milhões de euros só em moedas de ouro.
A descoberta foi feita há oito anos, numa vila costeira da Namíbia, mas agora a estória desta nau quinhentista naufragada ganhou novo fôlego graças a uma reportagem da
Fox News. A estação norte-americana fala num tesouro de 11 milhões de euros só em moedas de ouro.
Em abril de 2008, numa mina de diamantes de Oranjemund, perto do estuário ao rio Orange, os trabalhadores da empresa
NAMDEB encontraram vestígios que indicavam a presença de uma embarcação naufragada. Perante a descoberta, as autoridades da Namíbia recrutaram o arqueólogo sul-africano Dieter Noli que, em pouco tempo, confirmou a descoberta.
Inicialmente, acreditou-se que o navio teria pertencido à coroa espanhola. Mais tarde, e com a ajuda de especialistas portugueses, entre eles Filipe Vieira de Castro, que é coordenador do programa de arqueologia náutica na Universidade Texas (EUA), confirmou-se a identidade da nau. A presença de moedas de ouro do reinado de D. João III – e de uma moeda em particular – seriam determinantes para confirmar a nacionalidade portuguesa do barco.
Segundo um relatório da
Divisão de Arqueologia Náutica e Subaquática (DANS), disponível online e datado de 2009, “deve-se (ao arqueólogo) Paulo Monteiro a primeira descoberta fundamental para uma aproximação à datação e à identificação do navio de Oranjemund, resultante de uma investigação que imediatamente levou a cabo sobre esta moeda – o 'Português' de 10 cruzados de ouro de inexcedível pureza, prestígio e raridade”.
Sabe-se agora que os vestígios pertencem à embarcação Bom Jesus, um navio português liderado por D. Francisco de Noronha que terá desaparecido em 1553 a caminho de uma viagem para a Índia. A Fox News diz mesmo que a descoberta desta nau naufragada "é uma das mais importantes de sempre".
Um tesouro: mais de 2 mil moedas de ouro
As pesquisas arqueológicas permitiram recolher “5.438 artefactos de imenso valor cultural, científico e intrínseco foram descobertos, recuperados e sujeitos a procedimentos de conservação preliminares" entre eles "2.159 moedas de ouro, 1.845 lingotes de cobre, 109 moedas de prata, 67 presas de elefante, 14 balas de canhão, 8 canhões de bronze, 5 âncoras, 3 astrolábios, 3 compassos de navegação e parte de uma bússola, assim como utensílios de mesa em estanho, utensílios de cozinha em cobre, espadas, e correntes”, diz ainda o relatório da DANS.
Segundo a Convenção da UNESCO para a lei dos mares, o Estado de bandeira de um navio naufragado exerce direitos soberanos sobre os respetivos vestígios.
Mas, de acordo com o mesmo relatório da DANS, em 2009 Portugal exigia, apenas, que os vestígios desse património fossem "protegidos, explorados, estudados e valorizados em exclusivo interesse da Ciência, da Cultura e da Humanidade”.
Segundo avançou, há dias, o jornal Correio da Manhã, a renúncia definitiva de Portugal aos valores da nau “Bom Jesus” foi negociada em 2013. Mas de acordo com a imprensa da Namíbia, Portugal ainda tentou recuperar os vestígios só que "o pedido foi feito fora do prazo estabelecido pela UNESCO" pelo que, agora, todos os valores pertencem à Namíbia.
Nau portuguesa vai ter um museu só para si
O jornal Namibian Sun, num artigo intitulado "Naufrágio milionário é nosso", adianta ainda que as autoridades namibianas, com o apoio da NAMDEB, planeiam construir um museu, em Oranjemund, para instalar a coleção dos vestígios e torná-los acessíveis ao grande público.
Uma forte tempestade terá ditado o naufrágio da embarcação Bom Jesus mas, e apesar da descoberta ter quase 10 anos, o arqueólogo Dieter Noli disse à Fox News que ainda não se sabe ao certo o que teria levado o navio a afastar-se da sua rota, esperando que os registos históricos portugueses ajudem a deslindar este mistério.
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