Contactado pelo Boas Notícias, José Manuel Marques (na foto abaixo) – coordenador do Centro de Petrologia e Geoquímica do Instituto Superior Técnico (CEPGIST), que estuda há vários anos as águas de Cabeço de Vide – explicou que os dados recolhidos nos últimos anos permitem estabelecer uma relação entre as rochas de Cabeço de Vide, as de uma zona termal norte-americana e sedimentos dos solos marcianos.
Até ao momento, os cientistas já confirmaram a presença de dezenas de meteoritos oriundos de Marte no nosso planeta – o último terá caído em Marrocos, em Julho de 2011 – que têm sido exaustivamente analisados.
A informação recolhida destes meteoritos foi relacionada com dados obtidos pelas sondas que estiveram no Planeta Vermelho e que serão agora completados com o trabalho do robô Curiosity – que se encontra neste momento a realizar uma missão de dois anos em Marte.
Graças a estes estudos, os cientistas sabem que “algumas rochas marcianas têm elementos e características hidrogeológicas idênticas às rochas e às águas de Cabeço de Vide e às de The Cedars, uma zona termal nos EUA”, salienta José Marques.
As rochas de Cabeço de Vide conferem às águas locais uma composição particular e o seu cheiro característico. Devido àquelas rochas, estas águas têm um pH de 11.5, sendo consideradas únicas a nível Europeu e somente comparáveis às que correm numa montanha norte-americana e às dos indícios da água detetados em Marte pelos cientistas.
Com base nesta informação, o astrofísico norte-americano Steve Vance, do Jet Propulsion Lab (JPL) da NASA, iniciou uma colaboração com investigadores do CEPGIST para relacionar e analisar os elementos destes três tipos de rochas e das respetivas águas, que poderão desvendar os mistérios da origem da vida na Terra e noutros planetas.
Relativamente à existência de uma eventual bactéria comum a elementos encontrados no Alentejo, nos EUA e em Marte, informação que tem sido avançada por alguns meios de comunicação nacionais, José Marques explica que ainda não está confirmada mas acredita que estas suspeitas podem vir a confirmar-se graças ao trabalho da sonda Curiosity, uma vez que, de acordo com a NASA, está provado que já houve água a correr em Marte e há fortes suspeitas de que ainda exista no subsolo do planeta.
A colaboração entre o CEPGIST e o JPL da NASA surgiu após uma publicação de um estudo de José Manuel Marques numa revista internacional, que levou o astrofísico norte-americano Steve Vance a convidar o coordenador do CEPGIST a apresentar na NASA, em Setembro de 2011, uma palestra sobre o ambiente associado às Águas Termais de Cabeço de Vide e a sua possível relação com a Astrobiologia.
[Notícia sugerida por Elsa Martins]
[Notícia alterada a 19/10/2012, às 16h55, para corrigir a informação relativa à existência de uma bactéria comum no Alentejo e em Marte]