A inexistência de um serviço que permitisse às pessoas acederem a uma rede de cuidados de saúde ao domicílio, de forma simples e com um serviço previsível, foi o fator que levou a jurista Marta Veiga colocar “mãos à obra” e criar a aplicação My Nurse.
“Constatei que era muito complicado arranjar pessoal que fosse a casa. Além de ilustres desconhecidos, variavam e nem sempre eram aquilo de que eu estava à espera”, explica, acerca da altura em que procurou ajudar a mãe e a avó que estavam doentes.
Marta falou da ideia a duas amigas enfermeiras – uma na Médis e a outra na Santa Casa da Misericórdia e, por isso, com duas experiências diferentes em termos de cuidados de saúde, que a ajudaram a concretizar o seu projeto. Hoje, Isabel Carvalho e Joana Pereira são sócias da My Nurse.
A elas juntou-se Gonçalo Garção, que trabalhou no plano de negócios. Pouco tempo depois, percebiam que no mercado português e mundial não havia nada do género. Marcaram reuniões com fundadores de start-ups e, foi num desses encontros, que foi contactaram com Pedro Santos, da DarwinLabs.
Em Pedro – que se tornou sócio da My Nurse, com 5% do equity da empresa -, encontraram o parceiro certo para a área tecnológica, cujo desenvolvimento tem sido feito num ambiente OutSystems. Nos últimos meses, é uma equipa de três pessoas da DarwinLabs que tem desenvolvido a aplicação da My Nurse, uma plataforma onde os utilizadores podem solicitar serviços de cuidados de saúde ao domicílio, sejam enfermeiros, fisioterapeutas, auxiliares de ação médica ou outros terapeutas. Quatro meses depois do lançamento da plataforma, a My Nurse é já a maior rede nacional de prestadores reunidos numa só base. “Temos mais de 200 prestadores de apoio ao domicílio”, conta Marta.
O segredo está na maneira fácil com que prestadores e utilizadores podem registar-se na plataforma. Em apenas quatro passos, as pessoas podem requisitar e pagar serviços específicos no dia e à hora pretendidos, poupando tempo e dinheiro.
“O cliente introduz a morada, o tipo de serviço que quer e a disponibilidade dos prestadores é apresentada com base numa agenda que a plataforma gere. O cliente tem acesso aos perfis sobre a experiência e críticas anteriores. Escolhendo, o prestador já sabe quais as necessidades que vai encontrar e quanto vai ganhar e os clientes sabem exatamente quanto vai ser cobrado”, explica. O pagamento é feito através da plataforma: no fundo, a My Nurse é “apenas” a ferramenta que possibilita a relação direta, sem intermediários, entre o prestador e o utilizador.
“Essa simplicidade”, explica Marta, “faz com que haja maior eficiência porque, pelo facto de ser na mesma zona geográfica, reduzem-se os custos de transporte dos prestadores. Por outro lado, em termos de tempo, faz com que a resposta seja mais rápida e diminui a incerteza quanto ao custo e ao preço cobrado”.
A empresa não cobra pelo registo mas, por cada serviço prestado, a start-up recebe uma percentagem do valor total que ronda os 30%. No entanto, se forem serviços de longa duração – por exemplo, cuidados contratados durante vários meses – tanto o preço total do serviço, como a percentagem cobrada pela empresa podem ser negociados, caso a caso. “Assim que o depósito é feito à My Nurse – logo que o serviço é concluído -, o prestador do serviço é pago através de um IBAN que está associado ao seu perfil”, esclarece a jurista.
A equipa, constituída por dez pessoas, trabalha segundo um modelo de desenvolvimento cidade a cidade, e contou com um investimento inicial de 50 mil euros. Por isso, o serviço foi lançado em Lisboa e deverá crescer para Faro e Porto este ano, e chegar a Madrid em 2017.
O foco da empresa passa ainda por desenvolver um maior número de serviços disponíveis, desde cuidados básicos de saúde a áreas menos exploradas, ligadas à neonatologia e à obstetrícia, sobretudo nos períodos pós-parto.
O conteúdo “My Nurse” facilita acesso a cuidados de enfermagem aparece primeiro em i9 magazine.