No Dia Internacional da Mulher, o Boas Notícias recorda o nome de três mulheres que ajudaram a mudar a história do nosso país, no que fiz respeito à igualdade de género:
Hoje assinala-se o Dia Internacional da Mulher. Mas apesar das conquistas alcançadas nos últimos anos, a mulher do mundo ocidental continua a ser alvo de discriminações várias.
O relatório da ONU sobre Desenvolvimento Humano publicado em 2015 aponta que a mulher continua a ter acesso limitado a cargos de chefia, a receber menos pelas mesmas funções e a trabalhar mais em ambiente doméstico (mesmo quando acumula a vida familiar com uma carreira profissional).
E estamos apenas a falar da cultura ocidental. Em países em vias de desenvolvimento, a discriminação de género ainda é mais acentuada, com graves direitos humanos a serem violados diariamente, como aponta esta terça-feira um documento da Amnistia internacional.
É, portanto, um caminho lento e longo que ainda falta percorrer. Em Portugal, por exemplo, nenhuma mulher assumiu até hoje a chefia da Presidência da República ou do Governo (à exceção de Maria de Lurdes Pintassilgo que foi indigitada pelo presidente Ramalho Eanes para assumir esta função durante alguns meses). As mulheres já estão em maior número nas universidades mas continuam arredadas dos altos cargos.
Mesmo assim, um longo caminho foi percorrido e parte dos direitos que as mulheres de hoje dão como adquiridos (acesso à educação, direito ao voto, acesso a todas as profissões) foi conquistado graças a luta de verdadeiras heroínas que desafiaram o poder estabelecido.
O Boas Notícias recorda aqui o nome de quatro mulheres que ajudaram a mudar a história do nosso país, no que fiz respeito à igualdade de género:
Públia Hortênsia de Castro – Nascida em 1548, em Vila Viçosa, no seio da nobreza, foi a primeira mulher a frequentar a universidade. Segundo o livro “Uma Antologia Improvável – A Escrita das Mulheres (Séculos XVI a XVIII)”, há relatos da época que indicam que Públia Hortênsia frequentou Universidade de Coimbra vestida de homem numa altura em que as mulheres estavam proibidas de estudar. Na corte, chegou a destacar-se pelo seu brilhantismo intelectual.
D. Antónia Adelaide Ferreira – Sozinha num mundo de homens conseguiu ditar o sucesso da Casa Ferreirinha, a famosa produtora de vinho do Porto. Nascida em 1811 terá sido a primeira empresária portuguesa na verdadeira aceção da palavra: modernizou a vinha, defendeu os direitos dos seus trabalhadores, combateu com sucesso a praga da filoxera, viajou para Inglaterra procurando soluções e clientes. Ainda hoje o seu nome e a marca que criou se destacam no mundo do vinho do Porto.
Carolina Beatriz Ângelo – Médica portuguesa nascida em 1878, Beatriz foi a primeira mulher a votar em no nosso país aproveitando uma brecha na legislação da época que apenas permitia o voto “a chefes de família”. Sendo viúva, e chefe de família, Beatriz exigiu que o tribunal reconhecesse o seu direito ao voto, tendo exercido o seu direito nas eleições constituintes de 1911. Para evitar que outras mulheres seguissem o seu exemplo, a lei foi alterada no ano seguinte, com a especificação de que apenas os chefes de família do sexo masculino poderiam votar.
Lourdes Sá Teixeira – Nascida em 1907, foi a primeira aviadora portuguesa. Maria de Lourdes Sá Teixeira teve de vencer a
resistência da própria família e da sociedade da época para ser admitida como aluna civil na Escola de Aviação Militar em 1925. Em 1928, com 21 anos de idade torna-se na primeira mulher aviadora portuguesa.