Devido a uma doença que lhe destruiu as amígdalas – zonas cerebrais que geram o medo -, uma mulher norte-americana é incapaz de recear as situações mais extremas, como ser ameaçada com uma arma ou estar na presença de animais venenosos. Os cientistas estudam agora o seu cérebro na esperança de poderem vir a tratar fobias.
Num estudo publicado na revista Current Biology, os investigadores da Universidade do Ioha, Estados Unidos, expuseram Mary (nome fictício) a serpentes, aranhas, levaram-na a uma casa assombrada e mostraram-lhe filmes de terror. “Em nenhum momento ela manifestou medo”, concluiu a equipa.
O fenómeno já tinha sido observado em animais, causado precisamente pelos danos nas amígdalas, mas este é o primeiro caso conhecido de um humano nas mesmas condições.
Embora afirme ter sentido medo em criança, Mary não se recorda de ter essa sensação durante toda a sua vida adulta até ao momento.
Os cientistas crêem, por isso, que ao estudar Mary podem vir a ajudar pacientes com diversas fobias ou que sofram de stresse pós traumático, um distúrbio muito frequente entre soldados que serviram o seu exército em ambientes de guerra.
“As suas vidas são controladas pelo medo e muitas vezes são incapazes de sair de casa devido à presença constante da noção de perigo na sua mente”, explicou à BBC Justin Feinstein, autor principal do estudo publicado na Current Biology.