Pode ser uma nova esperança para os pacientes com demência. Investigadores norte-americanos descobriram, no sangue, uma molécula que se acumula com a idade e que parece estar associada ao declínio cognitivo.
Pode ser uma nova esperança para os pacientes que sofrem de doenças neurodegenerativas como o Alzheimer. Investigadores norte-americanos descobriram, no sangue, uma molécula que se acumula com a idade e que parece estar associada ao declínio cognitivo, abrindo caminho a futuros tratamentos com vista à recuperação da memória.
De acordo com a equipa da Universidade da Califórnia – São Francisco, nos EUA, cujo estudo acaba de ser publicado na revista científica Nature, a molécula em causa – uma proteína denominada B2M – encontra-se em elevadas quantidades no sangue e no líquido encefálico de humanos envelhecidos.
Através de testes realizados em ratinhos com demência, os investigadores conseguiram, em laboratório, melhorar os seus processos de aprendizagem e memória com recurso à inibição da B2M.
“Estamos muito entusiasmados com esta descoberta porque ela indica que há duas potenciais formas de reverter o declínio cognitivo associado ao envelhecimento”, disse Saul Villeda, coautor do estudo, numa entrevista por e-mail à AFP.
“Uma delas é introduzir, no sangue, fatores promotores da juventude e a outra é 'atacar' terapeuticamente os fatores promotores do envelhecimento”, explicou o investigador que, num estudo anterior, publicado em 2014, tinha já provado que as injeções de sangue de ratinhos jovens em ratinhos adultos contribuíam para uma melhoria da memória e da aprendizagem destes últimos.
Bloquear molécula poderá restaurar memória
Os investigadores analisaram a capacidade dos roedores de se lembrarem de pistas que indicavam a posição de plataformas escondidas na água, uma habilidade semelhante à capacidade dos humanos de recordarem, por exemplo, o local onde estacionaram o carro, que se vai perdendo com a idade.
À data, os ratinhos mais velhos que receberam sangue jovem conseguiram encontrar as plataformas com mais facilidade, embora os cientistas ainda não saibam como ou porquê.
Durante a fase mais recente da investigação, agora dada a conhecer, Villeda e os colegas concluíram que as melhorias observadas nos ratinhos do estudo anterior parecem estar relacionadas com a B2M, proteína envolvida no sistema imunitário e que, quando presente em excesso, bloqueia a aprendizagem, a memória e o crescimento dos neurónios.
Segundo os investigadores, o efeito da proteína pode ser “revertido” através da inibição da sua produção – ou, no caso dos ratinhos, através da sua eliminação genética, que também foi testada em laboratório e evitou que os animais desenvolvessem perda de memória.
Tal significa, portanto, que a molécula tem potencial para vir a ser utilizada “como alvo para, eventualmente, restaurar as capacidades cognitivas dos mais velhos”, apontou Villeda, adiantando que o próximo passo poderá ser o desenvolvimento de uma molécula capaz de bloquear ou eliminar do sangue humano esta proteína.
Clique AQUI para aceder ao estudo publicado na Nature (em inglês).