Sociedade

Milhares de portugueses nas ruas contra a austeridade

Contra a austeridade, milhares de pessoas de todas as idades e de todas as classes sociais saíram, este sábado, à rua, de norte a sul do país. Os analistas falam numa "nova era" da sociedade portuguesa.
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Contra a austeridade, milhares de pessoas de todas as idades e de todas as classes sociais saíram, este sábado, à rua, de norte a sul do país. Perante esta mobilização sem precedentes na história recente de Portugal, os analistas falam numa “nova era” da sociedade portuguesa. Apesar da indignação, salvo alguns episódios, o protesto decorreu de forma pacífica.

É difícil avançar um número. Em Lisboa, os organizadores do protesto falam em meio milhão de manifestantes, no Porto fala-se em 100 mil pessoas. Mas muitos mais portugueses saíram à rua em 40 cidades do país e também no estrangeiro, junto às representações diplomáticas portuguesas.

“Troika Fora”, “Basta de roubar o povo”, “não quero emigrar”, “este país também é meu”, eram algumas das frases que se podiam ler nos cartazes empunhados pelos manifestantes que percorreram as ruas de Lisboa, entre Picoas e a Praça de Espanha. De uma forma espontânea, os manifestantes de Lisboa acabaram por prolongar o protesto até à Assembleia da República, contando com o apoio da PSP que acompanhou o percurso e condicionou o trânsito.

“Que se lixe a Troika queremos as nossas vidas de volta” foi o mote do protesto convocado através das redes sociais e que ganhou ainda mais força depois do governo ter anunciado, há cerca de uma semana, mais medidas de austeridades. A nova Taxa Social Única, que impõe um corte salarial de 18 por cento transversal a todos os trabalhadores, tem sido, deste último pacote de medidas, a mais criticada.

Nas manifestações estiveram ausentes as bandeiras políticas e sindicais. Foram os cidadãos anónimos que encheram as ruas. Mães, pais, filhos, famílias inteiras. Muitos manifestantes confessaram à imprensa que esta foi a primeira vez que saíram à rua em protesto.

Ouvido pela RTP, o professor e politólogo Adelino Maltez referiu-se a estas manifestações nacionais como um “batismo de cidadania” e uma “nova era” da sociedade portuguesa. Falta agora saber as reações dos membros do governo, para saber se ouviram a voz dos portugueses e se estão dispostos a mudar o rumo da política de austeridade.

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[Foto © José Manuel Ribeiro, REUTERS]

PSP agradece aos portugueses

Apesar da indignação dos portugueses e dos muitos milhares que se encontravam nas ruas, os protestos decorreram de forma pacífica. Os únicos incidentes registados foram provocados por alguns manifestantes durante a concentração em frente à Assembleia da República e por um homem que se imolou em Aveiro, que foi prontamente assistido pelo INEM estando livre de perigo.

Na sua página do Facebook, a PSP reconheceu o civismo dos manifestantes deixando uma mensagem de agradecimento. “A PSP agradece a todos os cidadãos que colaboraram com os polícias na manutenção da ordem que caracterizou genericamente as manifestações em todo o país”, lê-se na página da Polícia de Segurança Pública.

O mesmo texto “agradece aos polícias que durante largas horas de serviço, souberam dignificar a farda, honrar a sua missão e dar um testemunho de profissionalismo que, ultrapassando fronteiras, prestigiou o nosso país”. Esta mensagem tem já mais de 1.300 'likes' e centenas de comentários de pessoas a elogiar a ação da polícia.

A foto acima, de uma manifestante a abraçar um polícia de intervenção em frente à sede do FMI, na Avenida da República, em Lisboa, está a ser amplamente divulgada pela imprensa estrangeira e ilustra, de forma simbólica, o tom pacífico da manifestação.

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