A Resgate - Associação de Nadadores Salvadores do Litoral Alentejano decidiu dar ao seu projeto de prevenção de afogamentos, lançado em Setembro, o nome de Zora Lutz, uma menina alemã salva por banhistas na Zambujeira do Mar.
A Resgate – Associação de Nadadores Salvadores do Litoral Alentejano decidiu dar ao seu projeto de prevenção de afogamentos, lançado em Setembro, o nome de Zora Lutz, uma menina alemã salva por banhistas na Zambujeira do Mar, em Odemira, no início de Outubro. O programa de voluntariado conta com a colaboração de seis jovens nadadores-salvadores, disponíveis 24 horas para serem chamados para resgates de emergência.
“A Resgate fornece o equipamento, que tem de andar com eles no carro”, ao passo que os nadadores-salvadores “têm de ter o telefone sempre ligado” e estar disponíveis para, “ao toque do telemóvel, correr para uma praia para socorrer alguém”, explicou António Mestre, presidente da associação, em declarações à agência Lusa.
Segundo o dirigente, os jovens voluntários “não recebem nada em troca”, sendo-lhes apenas garantida “uma justificação” por parte da Capitania do Porto de Sines ou do município “para que não sejam penalizados no trabalho ou nos estudos”. “Fazemos estas coisas por missão. Muitos de nós já andaram próximos de morrer afogados, eu principalmente”, confidenciou.
O nome do projeto foi inspirado na história de uma menina alemã salva na praia da Zambujeira do Mar no dia 3 de Outubro, em que o programa foi posto à prova pela primeira vez. Naquele dia, duas crianças de nacionalidade alemã foram arrastadas pela corrente e, quando dois voluntários da Resgate chegaram à praia, já tinham sido salvas por três elementos da associação de bodyboard local, mas Zora Lutz, de 15 anos, encontrava-se inanimada.
De acordo com António Mestre, os nadadores-salvadores “iniciaram imediatamente a reanimação da menina” e foi isso que, no seu entender, “fez a diferença entre a Zora morrer e a Zora viver”. Após cerca de meia hora de manobras de suporte básico de vida, a jovem foi reanimada e transportada de helicóptero para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde esteve 12 dias em coma.
Projeto desenvolve atividades de prevenção do afogamento
“Acreditei sempre que ela iria sobreviver e, se sobrevivesse, gostava que o nome dela ficasse associado a uma coisa boa”, confessou o presidente da Resgate. Zora acabou por recuperar e voltou à Alemanha com a família ainda durante o mês passado, tendo a mãe da menina autorizado o uso do seu nome no projeto da associação de nadadores-salvadores, que atua nos concelhos de Santiago do Cacém, Sines e Odemira.
O projeto Zora Lutz engloba todas as atividades que a associação desenvolve no domínio da prevenção do afogamento, como a sensibilização junto de 500 alunos do ensino pré-escolar e do primeiro ciclo da região. Para António Mestre, este é um “papel” que deveria caber ao “Estado, nem que fosse através de uma verba para apoiar este tipo de iniciativas”. “Infelizmente isso não acontece”, lamenta.
O nadador-salvador estima que o incidente com Zora tenha custado a Portugal “acima dos 100 mil euros” entre “o helicóptero, as ambulâncias, os homens, os medicamentos e o tratamento hospitalar”, valor que chegava – e sobrava – para “ter uma equipa de quatro pessoas todo o ano” disponível para “intervir imediatamente e fazer ações de sensibilização e prevenção junto dos banhistas”.
[Notícia sugerida por Alexandra Maciel]