Uma equipa internacional de médicos e cientistas anunciou, esta semana, ter feito um homem paralisado voltar a andar através de uma terapia inovadora. Porém, foi Portugal o país pioneiro neste tratamento, já aplicado em Lisboa a dezenas de doentes.
Uma equipa internacional de médicos e cientistas anunciou, esta semana, ter feito um homem paralisado voltar a andar através de uma terapia envolvendo o transplante de células da cavidade nasal para a espinal medula. Porém, foi Portugal o país pioneiro na aplicação deste tratamento: desde 2001 que, no Hospital Egas Moniz, em Lisboa, estas células são utilizadas.
A notícia é avançada pelo Diário de Notícias (DN), que recuperou o trabalho de um grupo de portugueses liderado pelo neurologista Carlos Lima, falecido em 2012, a propósito da história de Darek Fidyka, um búlgaro que ficou paraplégico há quatro anos e, graças a médicos do Hospital Universitário de Wroclaw e cientistas londrinos, voltou, recentemente, a movimentar-se de forma autónoma.
Três meses depois de começar o tratamento, Fidyka começou a ganhar músculo na coxa da perna esquerda. Passados seis meses, era já capaz de dar os primeiros passos ao longo de barras paralelas, apoiado por um fisioterapeuta e utilizando muletas.
Atualmente,
como o Boas Notícias noticiou esta terça-feira, o paciente búlgaro já consegue sair do centro de reabilitação pelo seu próprio pé com a ajuda de um andarilho, tendo também recuperado alguma função ao nível da bexiga, intestinos e função sexual.
A técnica não é, no entanto, totalmente nova. De facto, há mais de uma década que o Hospital Egas Moniz, em Lisboa, recorre ao transplante de células das mucosas olfativas para a recuperação de movimentos de pessoas paralisadas, revela o DN.
Trata-se de células (“Olfactory Ensheathing Cells – OEC”, em inglês) que fazem parte do sentido do olfato e que permitem que as fibras nervosas sejam sistematicamente renovadas.
© Hospital Universitário de Wroclaw
De acordo com o jornal português, graças ao programa do Hospital Egas Moniz, que conta com a colaboração da Wayne State University, nos EUA, desde 2003, muitos pacientes conseguiram voltar a andar com a ajuda de andarilho ou manter-se de pé.
Jean Peduzzi-Nelson, investigadora da universidade norte-americana e conselheira desenvolvida em Portugal, disse ao DN que as melhorias conseguidas em Lisboa foram “muito importantes”. “Um deles não conseguia mexer-se e agora anda com a ajuda de um andarilho”, contou.
Uma das histórias nacionais de sucesso é a de António Pereira, de 42 anos que ficou preso a uma cadeira de rodas em 2004 depois de um acidente de mota. Quando ouviu falar da técnica, decidiu candidatar-se e foi escolhido para a cirurgia, que lhe “mudou a vida”.
Segundo o DN, o português trabalha, hoje, numa loja de informática, consegue tomar banho sozinho, recuperou a sensibilidade e o controlo abdominal e da bexiga e até anda com recurso a um apoio externo que dá estabilidade às pernas, embora só em casa.
Até ao momento, este tipo de tratamento já foi aplicado, em Portugal, a dezenas de doentes nacionais e norte-americanos com resultados positivos idênticos aos obtidos, agora, com Darek Fidyka.
Notícia sugerida por Maria da Luz
Comentários
comentários