Cirurgiões australianos conseguiram transplantar dois corações que haviam parado de bater e ressuscitá-los com sucesso.
Cirurgiões australianos conseguiram transplantar, na passada sexa-feira, dois corações que tinham parado de bater e ressuscitá-los com sucesso em pacientes com insuficiência cardíaca em fase terminal.
A Unidade de Transplante Pulmonar e Cardíaca do Hospital de St. Vicent (HSV), na Austrália, conseguiu utilizar corações de pessoas em morte circulatória (redução do fluxo sanguíneo e diminuição do volume de sangue), tendo-os ressuscitado e transplantado para pacientes que sofriam de insuficiência cardíaca em fase terminal.
Até agora, só se faziam transplantes com corações de doadores em morte cerebral, cujos corações ainda tinham batimento cardíaco.
“O uso de corações após morte circulatória, quando o coração não está a bater, representa uma mudança no paradigma na doação de órgãos e poderá significar um grande aumento de corações disponíveis para transplante”, segundo comunicado do HSV.
A equipa do HSV transplantou recentemente dois pacientes através desta nova técnica, com base no estudo do Victor Chang Cardiac Research Institut e do HSV. A equipa desenvolveu uma preservação especial que, com auxílio de uma consola de controlo portátil, consegue ressuscitar e transportar os corações.
© Victor Chang Institute
O coração do dador é ligado a um circuito esterilizado, onde é mantido quente e a bater, limitando os efeitos prejudicias da isquemia fria – período onde o coração está 'dormente', sem oxigénio nem nutrientes.
O coração é mantido no dispositivo protátil, local onde é feita a reanimação, preservado e está pronto a ser colocado no paciente que vai receber o transplante.
Esta tecnologia portátil vai permitir que se reduza significativamente a disparidade entre o número crescente de pacientes com insuficiência cardíaca em fase terminal em lista de espera e o número de dadores adequados disponível.
A utilização de órgãos em morte circulatória é hoje uma realidade no que respeita a transplantes de fígado, rins e pulmões, mas só agora foi possível fazê-lo com corações, tendo sido a primeiro transplante do género feito no mundo.
“Em muitos aspetos, esta descoberta representa uma grande incursão para reduzir a escassez de doadores de órgãos”, afirmou Peter MacDonald, médico e diretor da Unidade de Transplantes Cardíacos do HSV, em comunicado emitido pelo hospital.
Clique AQUI para aceder ao comunicado completo do HSV.
Notícia sugerida por Maria Pandina e Vítor Fernandes