Cirurgiões sul-africanos anunciaram a realização do primeiro transplante de pénis bem-sucedido em todo o mundo. Esta foi a primeira vez que a intervenção foi efetuada com sucesso e que se obteve a recuperação total das funções urinária e reprodutiva.
Cirurgiões sul-africanos anunciaram, esta semana, a realização do primeiro transplante de pénis bem-sucedido em todo o mundo. Embora este tipo de procedimento já tivesse sido tentado anteriormente, esta foi a primeira vez que a intervenção foi efetuada com sucesso e que se obteve a recuperação total e a longo-prazo das funções urinária e reprodutiva do paciente.
A cirurgia, que demorou nove horas, foi levada a cabo por profissionais da Universidade de Stellenbosch e do Hospital de Tygerberg, ambos na África do Sul, no passado mês de Dezembro, mas a equipa decidiu deixar avançar a recuperação do jovem de 21 anos que recebeu o órgão antes de divulgar este feito inédito.
O paciente, cuja identidade foi mantida em segredo por questões de ética, perdeu o pénis em consequência do desenvolvimento de complicações severas depois de uma circuncisão, procedimento que, estimam os especialistas, é responsável por cerca de 250 amputações por ano naquele país.
“O nosso objetivo era que [o jovem] voltasse a ter um órgão totalmente funcional ao fim de dois anos e estamos muito surpreendidos com a sua rápida recuperação”, afirma, em comunicado, André Van der Merwe, chefe do departamento de urologia da Universidade de Stellenbosch, que liderou a cirurgia.
De acordo com os médicos, neste curto espaço de tempo, o paciente já recuperou totalmente as funções reprodutora e urinária. O jovem recebeu o pénis de um dador morto e o procedimento foi efetuado no âmbito de um estudo-piloto que tem como objetivo último o estabelecimento de um modelo cirúrgico que possa ser implementado facilmente nos hospitais sul-africanos.
“Há mais necessidade de implantar este tipo de procedimento na África do Sul do que em qualquer outro país do mundo, já que muitos jovens veem os seus pénis amputados devido às complicações associadas à circuncisão”, explica Van der Merwe, que acrescenta que este tipo de situação pode ser “profundamente traumática” e, muitas vezes, leva até ao suicídio.
Cirurgia poderá beneficiar vítimas de cancro do pénis
O planeamento da cirurgia começou em 2010 e, depois de uma extensa investigação, Van der Merwe e os colegas decidiram começar a pôr em prática certas técnicas que já tinham sido utilizadas no primeiro transplante facial do mundo.
“Usámos o mesmo tipo de cirurgia microscópica para unir os pequenos vasos sanguíneos e os nervos e a avaliação psicológica do paciente foi também semelhante”, esclareceu Van der Merwe, acrescentando que, no âmbito da investigação, há mais nove pacientes que vão ser submetidos à cirurgia.
Segundo os especialistas, este tipo de procedimento poderá vir, também, a beneficiar homens que tenham perdido o pénis em consequência de cancros ou como último recurso no tratamento da disfunção erétil severa causada por medicamentos demasiado agressivos.
Notícia sugerida por Maria Nova e André Luís